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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O pão, não as migalhas

Artigo publicado na versão impressa da edição de 24 de dezembro de 2012:

Seis meses foram necessários para a resolução de algo que demorou mais de 20 anos.

Quando, em junho, a reportagem da Gazeta identificou a existência de um estudo elaborado por juízes federais que reestruturava as varas federais na abrangência do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), jamais imaginaríamos que as ligações feitas às autoridades locais questionando-os se Limeira estava incluída (e não estava) reanimariam o espírito de mobilização que culminou, em tempo recorde, na inauguração da 1ª Vara Federal de Limeira.

O resultado visto na última semana é uma prova contundente de que, havendo disposição e força política, as coisas se resolvem rapidamente. Sem compromissos e pretensões políticas, o prefeito Orlando Zovico ficará com os méritos que poderiam caber tranquilamente a Jurandyr Paixão e Silvio Félix caso eles não tivessem ignorado as chances que Limeira teve - e perdeu por falta de interesse - de trazer a vara federal para cá, o que poderá trazer, em curto tempo, unidades da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.

Em seis meses, uma mobilização de juízes, advogados, desembargadores, políticos e Prefeitura conseguiu incluir Limeira na reestruturação do TRF-3, obteve a aprovação do Conselho de Justiça Federal, arrumou, em 15 dias, um barracão para abrigar a unidade, enquanto uma área já está destinada para construção do futuro prédio próprio da Justiça Federal.

É perfeitamente cabível o contribuinte se perguntar o quanto o limeirense perde (e já perdeu) de benefícios pela vaidade política, algo que Zovico frisou muito em seu discurso na última quinta-feira.

Não é possível imaginar que nos últimos 20 anos ninguém se tocou que Limeira, com mais de 200 mil habitantes, tinha a necessidade de uma unidade da Justiça Federal.

O estudo ao qual me referi no início destinava o órgão para Caraguatatuba, cidade de 100 mil habitantes que, desde 2005, já tinha um Juizado Especial Federal para atender as excessivas demandas previdenciárias e inaugurou, em setembro, a 1ª Vara Federal local.

Dá para imaginar Caraguatatuba com duas varas federais, e Limeira nenhuma? Isso se concretizaria caso não houvesse o interesse e a mobilização que alterou os planos.

O prefeito eleito Paulo Hadich (PSB) terá uma tarefa hercúlea nos próximos anos, já iniciada por Zovico em seu breve mandato.

Por falta de vontade e interesse, Limeira vive há muito tempo às margens dos planos dos governos federal e estadual. Aprendemos a nos contentar com migalhas, como os R$ 6 milhões que o Estado enviou para ajudar a duplicar um trecho do anel viário (verba, aliás, que demorou para ser liberada).

Passou da hora de Limeira ser recolocada como uma cidade de seu porte.

A vinda da vara federal, e como ela se deu, é uma prova de que é possível, sim, ela ganhar o pão, e não as migalhas. Basta vontade e união. E sem vaidade.

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