Artigo publicado na versão impressa da edição de 29 de outubro de 2012:
"Não sou mais protagonista".
A frase, dita pelo prefeito cassado Silvio Félix a jornalistas após seu depoimento na CPI do Messias na semana passada, pode ter soado para muitos como o reconhecimento, por parte dele, de que se considera uma peça fora do tabuleiro político limeirense.
Mas o perfil de Félix e as próprias circunstâncias da cassação e de sua fala aos vereadores ocultam um cenário de protagonismo, mas ao avesso.
Para muitos políticos - e este é o caso de Félix -, deixa-se o cargo público, mas a política nunca sai da pessoa.
Mesmo com todas as revelações das investigações do Ministério Público, a destituição do mandato pela maioria dos vereadores, o sentimento de indignação da população, corroborado pelo desempenho de seus aliados nas urnas, Félix manteve na última quarta-feira o mesmo padrão de comportamento que tinha quando estava no cargo: defendeu, com unhas e dentes, procedimentos de sua administração e negou tudo.
A luta da qual fala para provar sua inocência passou a representar, também, uma luta de sua própria gestão.
Vai aqui um, entre muitos, relato da personificação de Félix como protagonista.
Durante a Comissão Processante (CP), com os fatos revelados pelo MP ganhando repercussão e revolta na população, Félix foi aconselhado a recuar de sua posição de insistir na tese de que suas contas já haviam sido prestadas à Receita Federal e que isso bastava.
A proposta era abrir as contas à imprensa e, uma vez explicado o que era suspeito, adotar o discurso de que era vítima. Félix ignorou os conselhos e insistiu apenas no discurso negacionista. Deu no que deu.
O governo e o nome de Félix estiveram presentes ao longo dos três meses de campanha eleitoral.
Eliseu reconhece que teve prejuízos enormes com as associações que adversários fizeram com sua atuação parlamentar na época que integrava a base de Félix, e o discurso de seu rompimento político há dois anos foi insuficiente para conter o estrago.
O PDT, com todos os aliados de Félix, esteve na campanha de Kléber Leite.
E o "antifelixismo" foi a principal bandeira de Paulo Hadich, que se elegeu com a proposta, entre outras, de exercer política de modo contrário ao que o prefeito cassado exerceu.
Nos próximos anos, o nome de Félix ainda estará presente no noticiário. A Justiça julgará muitos procedimentos de sua gestão.
Paralelamente, o prefeito cassado poderá presenciar o que sempre temia, enquanto acompanhava os bastidores das campanhas limeirenses, com a eleição de Hadich: a desconstrução de sua administração.
Mesmo com tudo o que aconteceu, o discurso de Félix na última quarta-feira indica que ele não desistirá, ainda que como protagonista ao avesso, de salvar seu governo de ficar para a história política local como uma mancha, se é que isso ainda é possível.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
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