Artigo publicado na versão impressa da edição de 22 de outubro de 2012:
Confesso que me bateu um desânimo ao ler, na semana passada, um caderno especial produzido em conjunto por dois grandes jornais brasileiros (O Estado de São Paulo e O Globo), no qual foi abordado um panorama a respeito do que o País precisa para se tornar mais competitivo.
Não pelo fato de, entre 144 países analisados pelo Fórum Econômico Mundial, o Brasil, sexta maior economia do mundo, ocupar um modesto 48º posto no ranking de competitividade, sustentado por índices pouco animadores: uma carga tributária brasileira perto de 36% do Produto Interno Bruto (PIB) - a 4ª maior do mundo -, a exigência de 97 obrigações contábeis para as empresas, o crescimento de apenas 2% no investimento em infraestrutura em 2011 e a constatação de que os estudantes brasileiros estão abaixo da média dos países avaliados em leitura, ciências e matemática.
O desânimo não é em função, apenas, dos índices em si.
É natural que um país com mazelas históricas e uma democracia ainda recente leve tempo para reduzir suas desigualdades.
A questão é exatamente quanto tempo é aceitável e o que está sendo feito mudar isso. Desde os anos 60, a Coreia do Sul colocou, como pauta principal de suas políticas públicas, o investimento em educação e hoje colhe frutos diretos em sua economia.
No Brasil, é difícil entender qual é a prioridade do governante de plantão. Desde sempre se fala em necessidade de reformas (política, trabalhista, previdenciária e tributária), é um discurso que está na pauta de todos os partidos e de todo governante que se elege.
Mas não demora muito para que tudo fique nos pequenos ajustes legislativos, mais fácil de ser aprovado do que as grandes mudanças que se fazem necessárias.
A falta de uma agenda nacional se mostra incapaz, também e infelizmente, de permitir o surgimento de novos protagonistas no cenário nacional.
Há quase 20 anos, PT e PSDB polarizam-se nos grandes embates sem, contudo, conseguirem construir pontes firmes para mexer nas estruturas arcaicas que travam o desenvolvimento do país.
Pelo contrário: de dois em dois anos, com as eleições, o clima de Fla x Flu entre as siglas e seus seguidores ofusca a necessidade de um consenso para uma agenda que acelere o País na rota do desenvolvimento econômico e social.
Quando vejo que, na cidade mais importante do País e que o reflete tão bem, com tantas demandas a ser debatidas, o principal tema do debate eleitoral se tornar o "kit gay", é possível compreender as razões pelas quais o País tem índices de desanimar. Não sabemos o quê priorizar.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
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