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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Eleito para uma cidade reticente

Artigo publicado na versão impressa da edição de 8 de outubro de 2012:

Em primeiro ou segundo turno, a vitória de qualquer um dos candidatos requeria, acima de tudo, legitimidade das urnas.

Com mais de 70 mil votos, Paulo Hadich (PSB), que começou a corrida eleitoral com 8,6% das intenções de voto em março, alcançou pouco mais do mínimo necessário ontem (50,8%) e faturou a corrida eleitoral numa votação que mostrou uma cidade extremamente dividida e, principalmente, reticente.

A legitimidade da vitória de Hadich vem acompanhada, no entanto, de uma realidade com a qual o prefeito eleito de Limeira terá de lidar.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) computou 16.277 votos nulos. Somando-se os votos em branco e as abstenções, 62 mil eleitores não se sentiram representados por nenhum dos candidatos, um número representativo.

Eleito para governar para todos, Hadich encontrará quase um terço de eleitores que não direcionaram seu voto para ele.

A ascensão nas intenções de voto que teve ao longo do ano mostra, no entanto, que, para o prefeito eleito, conquistar simpatizantes é perfeitamente possível. A fatura no primeiro turno também o habilita a enfrentar este desafio, bem como o auxílio de lideranças que confirmaram, nas urnas, popularidade e legitimidade para deixarem a oposição e, agora, se transformarem em governo.

Fechadas as urnas, Lusenrique Quintal (PSD) terá uma batalha difícil pela frente, que é a reversão da cassação do registro de candidatura. Caso não consiga, ele se despede da história política limeirense nesta década. Se reverter, precisará analisar bastante o que ocorreu nos últimos quarenta dias para entender ao menos duas coisas: uma eleição nunca é ganha antes da hora e, quase sempre, ataques, especialmente feitos nos instantes finais, não se transformam em votos.

Com 18 mil eleitores, Eliseu Daniel dos Santos (DEM) sai com capital político encolhido perante o desempenho que teve nas últimas eleições.

Já Kléber Leite (PTB) termina como começou a corrida, com a perspectiva de voltar em cena daqui dois anos para uma nova candidatura a deputado estadual.

Mesmo com uma cidade dividida, Hadich obteve a maioria dos votos válidos, o que dá legitimidade, também, para que os limeirenses acreditem que, passado o atípico e esquecível (do ponto de vista administrativo) ano de 2012, a cidade possa seguir um rumo e que o prefeito eleito consiga, nos próximos quatro anos, recolocar Limeira numa rota que devolva a estima e seja capaz de reduzir, em 2016, o alto índice de eleitores que preferiram não participar de um momento tão importante para a cidade como é uma eleição.

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