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segunda-feira, 26 de abril de 2010

Moralizar o trânsito

Texto do jornalista publicado na coluna na versão impressa da edição de 26 de abril de 2010:

A 35.ª Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Limeira promove, desde o final do ano passado, após o delegado Luís Roberto Villela assumir a unidade, uma importante e necessária varredura em sua esfera de atuação com o objetivo de coibir atitudes ilícitas numa área que, nos últimos anos, tornou-se mais mortífera que a violência praticada com armas de fogo.

Elenco aqui o que a Gazeta já mostrou recentemente: afastamento de um funcionário público suspeito de exigir dinheiro e favores para agilizar emissão de documentos; rapidez na punição ao condutor flagrado no volante embriagado; cobrança de regularização a 87% dos desmanches da cidade, considerados irregulares; esquema de falsificação de certificado de curso de capacitação para condução de veículo escolar; fraudes em transferências de pontos na CNH; e aumento no rigor nas vistorias.

A amostra de irregularidades identificadas pela Polícia Civil indica como muitos limeirenses encaram o trânsito com o famoso “jeitinho” brasileiro. Sem uma postura repressora das autoridades, as pequenas ilicitudes se proliferam e punem quem segue a legislação, além de pôr em risco os cidadãos que, invariavelmente, estão nas ruas todos os dias.

O trânsito, não só em Limeira como em todo o País, já se configura, e isso tende a se consolidar, um problema que requer das autoridades públicas soluções dinâmicas, dados os gargalos de infraestrutura, deficiência de planejamento urbanístico e o aquecimento da economia que permite a mais pessoas adquirir um veículo, aumentando assim a frota diária que sai às ruas.

Temos um “buraco” enorme a ser resolvido em questões de educação no trânsito, que, em minha opinião, deveria constar como disciplina escolar no ensino médio (o que daria assunto para outro artigo), mas a presença cada vez maior do Estado na regulação e fiscalização dessa área é extremamente válida.

Como exemplo, os resultados estatísticos que comprovam a redução de mortes no trânsito em Limeira e em todo o País após a vigência da lei seca e o reforço nas averiguações com bafômetros.

Portanto, os rigores adotados pelo delegado Luís Roberto Villela ajudam a moralizar um pouco uma área onde muitos tentam se “dar bem”, de forma irresponsável, por meio de fraudes. Essa depuração é benéfica para o trânsito e à sociedade limeirense. Que seja mantida a vigilância, sobretudo baseada na transparência.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Paciência esgotada

Texto do jornalista publicado na coluna na versão impressa da edição de 5 de abril de 2010:

Diante de vários usuários, indignados, da linha 105 (Nossa Senhora das Dores-Shopping), o cobrador da Viação Limeirense tentava explicar na semana passada, sem parecer irônico, as mudanças que estão previstas para o trajeto.

“Um veículo será retirado para servir outra linha”.

Os passageiros começaram a fazer contas. Se hoje o ônibus demora 40 minutos para passar no ponto, com menos veículos esse tempo subirá para 50 minutos, uma hora. Suficiente para, de carro, fazer o trajeto do município a Campinas.

As mudanças que estão acontecendo no transporte coletivo de Limeira arrastam-se de uma maneira inconcebível para milhares de pessoas que dependem diariamente desse serviço.

Quando a integração desastrada das linhas promovida pelo então prefeito José Carlos Pejon foi dissolvida por seu sucessor, o atual prefeito Sílvio Félix, esperava-se um planejamento efetivo de melhorias, incluindo aí a integração, para justificar os aumentos de tarifas.

No final de 2004, a passagem custava R$ 1,50; hoje, é R$ 2,40, aumento de 60%. E a linha 105, para ficar num só exemplo, continua, seis anos depois, a demorar quase o tempo necessário para um limeirense ir até Campinas, com a possibilidade agora de haver mais atrasos.
De fato, fazer mudanças drásticas da noite para o dia num serviço essencial como o transporte público gera mal-estar, como o que ocorreu no governo Pejon. É preciso tempo, paciência, estudos de viabilidade, discussão prévia com a população.

O governo Félix teve esse tempo, promoveu audiências públicas, fez uma licitação que se tornou uma novela ante contestações na Justiça.

Nos últimos meses, as duas empresas detentoras dos serviços pressionaram a Prefeitura na tentativa de elevar a tarifa para que possam cumprir as melhorias no edital.

Agora, os usuários se veem diante da publicidade de que a Rápido Sudeste foi adquirida por ex-acionistas da outra viação, e a suspeita levantada pela Câmara de um possível monopólio.

Enquanto o tema não for tratado com absoluta transparência e firmeza pela Prefeitura, o usuário limeirense, cuja paciência está esgotada, continuará a reclamar do transporte coletivo.

No fim da escala, é ele quem desembolsa um valor excessivamente alto para um serviço que, decididamente, hoje é ruim.

Viação Limeirense, Rápido Sudeste e Prefeitura tiveram tempo suficiente para que melhorias fossem implantadas.

Mais uma vez, o Ministério Público deveria agir, e intervir buscando um acordo imediato para que a tarifa paga pelo limeirense e o tempo perdido pelo mau planejamento sejam devidamente justificados e compensados.