Artigo publicado na versão impressa da edição de 5 de novembro de 2012:
Mal acabam as eleições municipais, é natural o início de conversas visando o próximo pleito. Parece exagerado, mas na política (e para os políticos) é um processo natural.
A imprensa colabora com a antecipação do debate quando faz aquele balanço de quem ganhou e quem perdeu, que sempre leva em conta o resultado tendo em vista o horizonte. O problema é que, quase sempre, a politização dos discursos prejudica o debate de problemas prementes.
Quando deixou a presidência, Lula tinha, entre seus projetos, uma meta específica e legítima do ponto de vista do PT: o governo de São Paulo, nas mãos do PSDB desde 1995.
O objetivo, evidentemente, passava pela prefeitura da capital, etapa cumprida no final de semana passado com a vitória de um político novato em eleições (imposto por Lula) sobre um experiente quadro do PSDB.
O caso da segurança pública em São Paulo é um retrato perigoso da politização de discursos a qual me referi no início, seguido da contextulização que fiz no parágrafo anterior.
Na última semana, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o secretário de segurança pública de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto, trocaram farpas a respeito de ações para amenizar a escalada de assassinatos na Grande São Paulo, fortemente influenciada pela reação do Primeiro Comando da Capital (PCC) contra agentes de segurança pública. Cardozo diz que o governo federal ofereceu ajuda ao governo Alckmin, mas este recusou tendo dito que havia um excesso da mídia nas notícias de criminalidade.
Em junho, o Estado pediu quase R$ 149 milhões a União para investimentos em segurança, mas o pedido foi rejeitado pela União, que não quer ser só mero repassador de recursos para órgãos de segurança estaduais.
Há excesso dos dois lados. É nítido que as circunstâncias desfavoráveis da segurança em São Paulo já estão sendo usadas por setores do PT para destacar as fragilidades do governo tucano, mirando 2014 - e sabemos que o discurso da segurança, depois da saúde, tem alto apelo popular.
Há um confronto visível, sim, do crime organizado com o Estado, mas não há descalabro total. Basta lembrarmos que a taxa de homicídios em todo o Estado, inclusive em Limeira, caiu drasticamente na última década tendo, entre outras explicações, a ação das polícias estaduais - que justamente por isso deveriam ser mais reconhecidas pelo governo, com melhores salários, proteção e estrutura de trabalho.
Também do seu lado, o PSDB avalia como pode receber essa ajuda, uma vez que pode transparecer que não tem controle da situação.
Qualquer ação conjunta entre Estado e União é bem vinda, mas interesses políticos não podem prevalecer enquanto vidas são perdidas de forma banal. Que a sinalização de uma possível parceria, anunciada na quinta-feira, possa contornar os primeiros para que as segundas tenham prioridade.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
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