Artigo publicado na versão impressa da edição de 26 de novembro de 2012:
Um ano é pouco para concebermos um dimensionamento preciso, do ponto de vista histórico, de um evento.
Mas, passado este período da operação do Ministério Público que alterou para sempre o rumo institucional limeirense, percebo, ainda com nitidez, que o episódio das prisões permanece numa zona da memória coletiva local que suplanta qualquer feito administrativo anterior do prefeito cassado Silvio Félix.
Doze meses depois, tivemos muitos mais desdobramentos no campo político do que no jurídico - este último explicado pela demora injustificável dos bancos no fornecimento de informações cruciais para o oferecimento de uma ação penal.
No entanto, os efeitos políticos só tiveram sua magnitude devido ao conjunto consistente de indícios que baseou o 24/11.
Mesmo que ainda não haja uma acusação criminal formal à Justiça, todos os atos decorrentes da investigação - na esfera judicial e na política, com o processo de cassação - tiveram respaldo da Justiça quando questionados, incessantemente, pelos advogados de Félix.
É devido a essa consistência de provas colhidas e a própria opção de defesa escolhida pelo prefeito cassado - que, ao contrário do que os advogados sugeriram, insistia na tese de que tudo já fora prestado contas à Receita Federal e que não precisava expô-las publicamente - que, num prazo de um ano, Félix passou de prefeito reeleito com o maior número de votos para um verbete incômodo no dicionário político local.
Os poucos aliados que permaneceram ao seu lado ao longo deste último ano sofreram nas urnas as consequências que o nosso "11/9" causou no imaginário popular.
Perguntam-me, com frequência até espantosa, se há chances de Félix voltar - destituído da presidência há 20 anos e, agora, senador atualmente com poderes até de investigar, Collor virou referência nessa área.
Não é raro encontrar limeirenses que ainda se lembram dele e o elogiam por algumas obras de sua administração - um vício do eleitor brasileiro, ver o superficial e se esquecer do conjunto.
Acredito que, após o 24/11, a resposta à pergunta passou a não depender mais da mera vontade daquele que, até antes da fatídica data, pensava em estar para o xadrez político local como Lula estava para o xadrez nacional.
As urnas, carregadas de reflexos da operação ocorrida há um ano, indicaram, até aqui, um caminho em outro sentido, sem horizonte para um retorno.
A crise política aberta há um ano dá sinais de estar encerrada.
Mas o rasgo provocado pelo 24/11 na linha do tempo de Limeira ainda permanece, próprio da natureza dos rasgos: ainda que tentem fechá-lo, estará lá, como uma cicatriz no curso da história.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
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