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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Coluna - 28 de dezembro de 2011

Coluna do jornalista publicada na versão impressa da edição de 28 de dezembro de 2011:

ATENTO
Prefeito Silvio Félix já deu seu aviso, em entrevista publicada hoje nesta edição: basta uma ilegalidade na condução da CP que ele irá à Justiça.

PANORAMA 1
Quem esteve no dia da instauração da CP e do afastamento temporário de Félix e ontem na Câmara, conclui facilmente: se os trabalhos culminarem futuramente em votação para cassação, será difícil não satisfazer a vontade da plateia.

PANORAMA 2
É antevendo este cenário político desfavorável, com forte clamor popular, que Félix se concentra na análise jurídica da condução da CP.

CONTRARIEDADE
Félix está contrariado com o que chama de partidarização do escândalo. Quanto à manifestação de 17 partidos políticos na semana passada, ele se irrita com o fato de que muitos que agora se posicionam são pré-candidatos a prefeito.

INDICAÇÃO
Para quem não leu, sugiro a leitura de "STF, Limeira e o funcionamento da democracia", publicado no dia 20 no blog "Para entender Direito", da Folha de S.Paulo. Acesse no http://migre.me/7jkeD

NO MOMENTO CERTO
Félix ligou para a coluna e disse que apresentará as declarações de Imposto de Renda (IR) da empresa Fênix Plantas entre 2008 e 2010, que cobrei na semana passada, "no momento oportuno".

PERIGO COMERCIAL
Entre janeiro e novembro deste ano, foram registrados 27 casos de roubo de carga em Limeira.

POR FIM
Como esta é a última coluna do ano, desejo a todos os leitores um excelente e produtivo 2012, quando espero reencontrá-los neste mesmo espaço. Até lá.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A soma de todas as datas

Artigo publicado na versão impressa da edição de 24 de dezembro de 2011:

Se eu fosse presidente, decretaria o fim da maioria dos feriados (por isso não seria eleito nem para síndico de prédio).

Especialmente os religiosos, haja vista que vivemos num Estado laico.

Ou há feriado nas celebrações de todas as religiões, cultos e crenças, ou não há em nenhuma.

A última opção é a mais chata e radical, porém é a mais razoável e justa.

Dos feriados históricos, vai lá o 7 de Setembro, o resto não há necessidade de paralisação geral.

Não será em um dia que reverteremos o modo como conhecemos a história do nosso país, mas com uma formação escolar mais eficiente e estimulante.

Também poria fim na institucionalização de algumas datas, como o Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia da Mulher, entre outras.

Induzem-nos a pensar que tem de haver um dia para que pensemos em algo ou em alguém.

Perguntarão-me: mas você não gosta de uma paralisação?

Sim, preferiria um método de, para cada tantos dias trabalhados, exista uma paralisação geral, mas essa discussão não cabe nem tem necessidade de ser detalhada aqui.

E o Natal e os dias que o antecedem? Acredito que é uma data e uma época diferente de todas.

Você pode dar diferentes significados a ela, dependendo, é claro, de como você a sente ou acredite.

Pode ser uma época para agradecer a Jesus, para orar, celebrar com a família, com os amigos, fazer um churrasco, uma boa ação, uma doação, servir a quem precisa, a uma causa; fazer algo diferente do que faz todos os dias, ligar para alguém que há muito não vê ou fala para, além de desejar um Feliz Natal, lembrar que não é necessário deixar passar tanto tempo para uma congratulação; dar um beijo em quem ama, um abraço afetuoso, um presente que irradie os olhos de uma criança.

Pode ser a data inicial para cumprir a promessa, ou a data final para agradecer por tê-la cumprido. Há outras centenas de significados que não cabem neste espaço.

Se analisar atentamente, o amigo leitor entenderá que o Natal resume o motivo pelo qual a institucionalização das datas não me apetece.

Você não precisa esperar o Natal para agradecer a Jesus, orar, celebrar com a família e amigos, fazer um churrasco, uma boa ação, doação, servir a quem precisa; fazer algo diferente, ligar para alguém que há muito não vê ou fala; dar um beijo em quem ama, um abraço afetuoso ou um presente que faça brilhar os olhos de uma criança.

Desejo a todos os leitores um Feliz Natal e que façam e sintam, nesta época, aquilo que possam reproduzir e viver em todos os dias do ano.

Fiquem tranquilos: o Natal continuaria feriado. Melhor ainda: não sou candidato a nada...

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Coluna - 21 de dezembro de 2011

Coluna do jornalista publicada na versão impressa da edição de 21 de dezembro de 2011:

IGUALANDO-SE
Ao citar realizações de seu governo na defesa prévia à CP, prefeito Silvio Félix adota a mesma postura politiqueira que tanto critica em seus adversários.

SUBESTIMAÇÃO
Outro ponto curioso: ao dizer que vereadores já estão influenciados pela mídia, Félix subestima a inteligência e a capacidade de discernimento dos integrantes da CP, inclusive de aliados.

HORA DE DISTINGUIR
Limeirenses precisam distinguir as situações. Ao analisarem se Félix deve ser afastado ou ficar, não devem se ater às suas realizações. Isso deve ser refletido em época de eleições. O que está em dúvida é o modo como sua família obteve tanto patrimônio em tão pouco tempo.

NO AGUARDO
No dia 25 de novembro, o prefeito me disse que a Fênix declarou Imposto de Renda entre 2008 e 2010. Aguardo documentos que provam isto. Ao mostrá-los, Félix desmente a Receita e desmonta a suspeita do MP.

LÁ E CÁ
Deve durar três dias a sessão que pode cassar o prefeito Demétrio Vilagra, em Campinas. Serão lidas 1.440 páginas de relatório. Limeira chegará nisso?

CICLO RETOMADO
Com a abertura ontem da Renner, Shopping Pátio Limeira retoma ciclo de inaugurações, que não vão parar no ano que vem. Crise política local, por ora, permanece longe da esfera econômica, o que é bom.

CIDADÃOS DE LIMEIRA
Projetos de Raul Nilsen Filho concedem títulos de Cidadão Limeirense para o comandante da PM na cidade, Tenente Coronel Félix Antônio Tomasella, e para a assistente social Vanderléia Aparecida Diogo Serrano, que atua no Ceprosom.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Daquilo que não se explica

Artigo publicado na versão impressa da edição de 12 de dezembro de 2011:

A tarde estava lúgubre, cinzenta, um dia feio de agosto.

Eu não tinha muito tempo para o passeio.

Molhado pelos respingos de uma torrente, saquei o aparelho do bolso e comecei a filmar.

E, num passe de mágica, em meio à brancura e à fúria das águas que se precipitavam ante meus olhos, surgiu, timidamente, cor por cor, um passadiço arco-íris.

Foi-se tão breve quanto apareceu, mas preencheu o encantamento de um cenário harmonioso da natureza.

Permaneci outros vinte minutos nas cataratas do Iguaçu, na expectativa de que o feixe de cores voltasse.

Mas não voltou, e eu não tinha mais tempo.

No primeiro dia de trabalho após o breve passeio, em meio à correria do dia a dia, toca meu telefone e, na linha, um pedido para uma conversa.

Quando chego à mesa, com seu costumeiro sorriso, ele já veio com a pergunta:

“E aí, Rafa, conheceu as cataratas?”.

Respondi-lhe, com as imagens voltando à minha mente, com uma pergunta, questionador nato que sou:

“Como é que aquilo se formou? Quem criou aquela maravilha?”.

Ele, que já tinha estado em Foz do Iguaçu, sorriu, pensou e disse:

“É.... como? Não dá para explicar, né?”.

Não, não dava, concluí.

Desde o momento em que nos damos conta da nossa existência e usamos aquilo que nos diferencia dos demais organismos vivos do planeta - a capacidade de pensar e ter consciência disso -, é natural que tentemos buscar explicações para o que está à nossa volta.

Fazer perguntas e procurar entender são ações intrínsecas à natureza humana.

Obter respostas não, apesar de conseguirmos explicações para tantas coisas.

Quando a ordem da vida (se é que ela tem ordem predeterminada) se inverte e um jovem carismático, do bem, como Lucas Piffer era, nos deixa de forma repentina, surge um ponto de interrogação gigantesco e uma, talvez, inútil tentativa, em nossa minúscula, imperfeita e sempre incompleta sabedoria, de compreender os sentidos da existência e os rumos que a estrada torta da vida nos impõe.

Consigamos ou não entender, é necessário prosseguir.

Tão incompreensível como buscar entender as razões pelas quais um arco-íris fugaz tinha de aparecer em meio às águas turbulentas nos poucos minutos que tive para apreciá-las; tão inexplicável quanto entender como um fenômeno da natureza, como as cataratas do Iguaçu, se formou.

Tão singular como, ao depararmos com a abrupta interrupção da existência de um ser humano querido, a vida se encarrega de relembrar, aos que ficam, que sua finitude e beleza, a serem descobertas nas pessoas com quem convivemos e nos pequenos gestos do dia a dia, são encantamentos a serem vividos intensamente, ainda que, em muitos momentos, ela própria, a vida, seja incompreendida.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Coluna - 7 de dezembro de 2011

Coluna do jornalista publicada na versão impressa da edição de 7 de dezembro de 2011:

PARA A PAUTA
Após seis meses de espera em seu gabinete, ministra Cármen Lúcia já encaminhou para julgamento, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o mandado de segurança em que Constância Félix pede o recálculo dos votos que pode lhe dar uma vaga na Assembleia Legislativa. Decisão em breve.

DIFÍCIL
Apesar de ter pedido, em seu blog, para que a imprensa mostre todos os lados à população, está difícil encontrar Félix, após seu afastamento, e seus advogados, para que este lado seja ouvido.

SEM CLIMA
Félix aposta todas as suas fichas no TJ. Mas, se acaso for reconduzido ao cargo, não terá clima político para governar, seja diante da população, seja diante dos vereadores que o afastaram.

CASSADOS
Segundo o Estadão, pelo menos 36 prefeitos paulistas tiveram os mandatos cassados, por irregularidades, desde 2008. Limeira aumentará a lista?

ASSINATURA
Atos do Executivo publicados no Jornal Oficial desde que Orlando Zovico assumiu a Prefeitura não levam a assinatura dele. Quem está assinando são os secretários, na maioria dos casos.

A TODA HORA
Em poucas horas que estive no Pradão, no último domingo, foi possível ouvir constantemente a sirene de alguma ambulância do Samu, saindo ou voltando à base. É impressionante como o serviço tem prestado atendimentos na cidade.

SEM DESCUIDO
Apesar de o mapeamento da dengue feito pelo Ministério da Saúde ter apresentado índice satisfatório na cidade, limeirenses não podem descuidar. Projeto antidengue já passou na Câmara e o poder público prevê ações rigorosas para impedir a repetição, em 2012, do alto número de registros deste ano.

IRRITAÇÃO
Pesquisa sobre mídia irritou moradores da Vila Cláudia, na última semana. Além da falta de educação, pessoal reclamou da insistência na pergunta sobre rendimentos.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Faca no pescoço

Artigo publicado na versão impressa da edição de 5 de dezembro de 2011:

Em 2007, após o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitar a denúncia contra os acusados do mensalão, o ministro Ricardo Lewandowski foi flagrado por uma repórter afirmando, ao telefone, que "todo mundo votou com a faca no pescoço".

O que se passou na segunda-feira passada, no momento em que foi à votação o afastamento do prefeito Silvio Félix, foi algo parecido. Se algum vereador tinha intenção de votar contra a medida, foi obrigado a passar vontade e atender à vontade da turba.

Os fatos ainda são recentes e Limeira estará sob impacto permanente, nos próximos meses, do que foi (e virá a ser) revelado pelo Ministério Público, mas a noite do dia 28 permite dizer que, apesar dos insultos vis e lamentáveis proferidos aos montes em direção aos vereadores da ala governista, pela primeira vez a Câmara Municipal, que deveria ser o reflexo das vontades do povo, tomou uma decisão que refletia exatamente a percepção da população quanto às suspeitas envolvendo a família Félix, sem que o jogo político e as conveniências prevalecessem para favorecer o governante de plantão.

O resultado surpreendeu, especialmente, porque os vereadores limeirenses fizeram, num prazo de quatro dias, o que os edis de Campinas demoraram três meses para fazer - e lá havia suspeita de desvio de dinheiro público desde o início das investigações, o que não ocorreu por aqui.

Os vereadores governistas foram obrigados, na última segunda-feira, a pagar por todo um histórico de leniência e proteção a Félix, comportamento que ignorou indícios evidentes de problemas - um exemplo clássico: os aliados de Félix, ao aprovarem e elogiarem a licitação da merenda na CPI, não viram o que promotores, procuradores, juízes e oito conselheiros do TCE viram.

Teriam olhos diferentes? Não! Conveniência política.

Soube que Félix confiava em seus aliados para que não fosse afastado, mas, indiretamente, ele mesmo botou "a faca no pescoço" de seus companheiros.

Ter maioria para comandar uma administração pública é, sem dúvida, positivo para a própria cidade, mas, durante sete anos, Félix e seus aliados tratoraram os debates, com projetos complexos enviados na calada da noite para análise, utilizando os regimes de urgência especiais, e apequenaram a Câmara na fundamental missão de fiscalizar o Executivo, delegando a função para o Ministério Público.

Como o próprio Félix previu, haverá uma intensa batalha jurídica pela frente e, como o próprio rumo das investigações aponta, muitos fatos ainda virão à tona.

Mas a instituição Câmara ganha uma chance para, agora, atuar de forma condizente com suas atribuições.