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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Constrangimento evitável

Artigo publicado na versão impressa da edição de 20 de agosto de 2012:

A atuação do vereador Almir Pedro dos Santos (sem partido) na CPI do Messias na última semana serve como reflexão neste momento em que mais de 200 mil eleitores terão a disposição mais de 300 candidatos para escolher e compor a próxima legislatura, que terá, ao contrário dos 14 atuais, 21 representantes da população na Câmara Municipal.

Ficou visível para todos os presentes que o vereador - a quem respeito, friso - não tem as mínimas condições para exercer o papel de integrar uma comissão investigativa, tarefa que pode ser delegada a qualquer membro do Legislativo.

Durante os três dias de oitivas, Almir não fez uma intervenção sequer para questionar os depoentes. Enquanto os depoimentos aconteciam, com frequência era visto olhando para o lado contrário, em direção ao vazio.

Em algumas votações de requerimentos, quando alguém propunha algo, o que exigia uma resposta "sim" ou "não", Almir respondia "presente", como se estivesse dando ciência de seu comparecimento a uma sessão legislativa e totalmente alheio ao que se passava.

Antes de responder aos requerimentos, Almir precisava da ajuda dos companheiros, especialmente a do verador Eliseu Daniel, que sentava ao seu lado, para entender o assunto que estava sendo tratado. Na única participação que teve, dizia ser contrário à condução coercitiva às testemunhas faltantes, mas, na sequência, inquirido a responder ao objeto de votação, votou a favor, em oposição ao que tinha acabado de dizer. Ninguém sabe se ele votou sabendo o que era.

Numa campanha eleitoral para o legislativo, as opções oferecidas ao leitores são variadas.

Quando Tiririca foi eleito deputado, houve muitas críticas quanto à ação do MP que questionava sua dificuldade de ler e escrever. Para muitos, havia preconceito contra a chegada de uma pessoa simples ao Congresso.

A democracia tem suas particularidades. Se uma Casa Legislativa tem, preferencialmente, que representar os diversificados segmentos da sociedade, Tiririca pode ser encarado como um representante, sim, de uma parcela da sociedade, mesmo com todas suas dificuldades.

O preço, evidente, se paga de uma outra forma. Não vemos qualquer projeto relevante apresentado por Tiririca, e ele está longe de ser um deputado influente. E é natural que tenha dificuldade de entender o funcionamento de muitas coisas. Da mesma forma, ser uma pessoa letrada pode não significar, necessariamente, um digno representante legislativo - fiquemos no exemplo de Demóstenes Torres.

Analisar as condições e a disposição de uma pessoa para atuar como vereador são dois pressupostos importantes para a escolha de um candidato.

Lembre-se: escolhemos um para que represente todos. Almir não estava na CPI para representar seus eleitores, mas todos os limeirenses. O eleitor tem o poder de evitar episódios constrangedores como vistos na última semana na Câmara.

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