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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Coluna - 26 de setembro de 2012

Coluna do jornalista publicada na versão impressa da edição de 26 de setembro de 2012:

FUTURO
A luta de Quintal para se manter na disputa de 7 de outubro também é a luta de seu futuro político. Caso a sentença da Justiça de Limeira seja mantida, ele fica impedido de concorrer em 2016 e 2020, só podendo voltar a disputar o Edifício Prada em 2024.

REAÇÃO
Embora Quintal tenha sido provocado por Eliseu na Justiça, o empresário escolheu Paulo Hadich no contra-ataque. Nos últimos dias, discursos incisivos contra o candidato do PSB marcaram o tom de sua reação.

NO ESCURO
Ninguém arrisca dizer se a cassação do registro de Quintal, que pode ser revertida nos próximos dias, é suficiente para uma migração de votos que altere o cenário das últimas pesquisas.

NA JUSTIÇA
Semana promete um festival de pedidos de direitos de respostas, tanto no rádio quanto na TV.

ANIMOSIDADE
Fato é que, com o acirramento da disputa, se um eventual segundo turno for necessário, é imprevisível o cenário para se estabelecer alianças. Hoje, o clima entre os três candidatos com mais intenções de votos é péssimo e de animosidade recíproca.

DESENCONTROS
Redes sociais refletiram de imediato a subida dos ânimos nas últimas semanas. Em muitas situações, viraram tribunal de exceção, com um sem número de informações desencontradas.

BENEFÍCIO
Projeto de lei da vereadora Iraciara Bassetto (PV) quer prioridade de tramitação aos procedimentos administrativos municipais nos quais o solicitante tem 60 anos ou mais. Caso seja aprovado, interessado deverá pedir o benefício à autoridade administrativa responsável pelo procedimento.

Discurso inconveniente

Artigo publicado na versão impressa da edição de 24 de setembro de 2012:

Atordoados com o futuro sombrio que, até este momento do julgamento do mensalão, se materializa, quadros do PT começaram um movimento que nada dignifica a sigla e o processo democrático: declarações para desmerecer o que já não tem justificativa e o enquadramento de afirmações ao sabor das conveniências.

O deputado André Vargas, secretário de Comunicação do PT, detectou o problema do julgamento: as transmissões da TV Justiça, "um risco", segundo ele, "à democracia", no qual questões técnicas nem sempre são levadas em conta.

 Em 2009, o ex-ministro Antonio Palocci, quadro respeitado do partido, foi absolvido pelo mesmo STF, que rejeitou a denúncia oferecida pelo MP por possível envolvimento do petista no episódio da quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. Na época, não ocorreu, a nenhum petista, contestar a exibição do julgamento ao vivo pela televisão.

A TV Justiça foi criada com o mesmo objetivo das TVs Câmara e Senado: possibilitar a todos o acompanhamento dessas instituições.

As TVs públicas permitem, inclusive, ao PT usar imagens para conveniência própria. Na Bahia, o candidato local da sigla usou o vídeo do discurso do então deputado ACM Neto, em 2005, na tribuna da Câmara, quando, num episódio reprovável, ameaçou dar uma surra no presidente Lula. Não existisse a TV Câmara, não haveria uso da imagem.

Voltando ao mensalão: a transmissão ao vivo não parece influenciar tecnicamente nenhum ministro.

Corajosamente, e contra muitas opiniões pré-formadas, Ricardo Lewandowski parece bem a vontade para, tecnicamente, divergir do relator Joaquim Barbosa. E os demais ministros, para votarem conforme entendimentos próprios, que não foram, até o momento, igual aos do PT.

O problema - para o PT - é que as teses que suas lideranças defendem estão sendo vencidas na Justiça.

Mal começou o julgamento do capítulo do esquema de compra de voto, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT), disse que o mensalão é uma "falácia".

Dias depois, o partido, unido a siglas aliadas, sustenta que os adversários pressionam o STF para transformá-lo num julgamento político e golpear a democracia. Isso tudo antes de José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares serem julgados - até aqui, João Paulo Cunha foi o único petista julgado (e foi condenado).

Se o PT continuar com estes mantras, só tende a ficar mais enfraquecido caso o STF confirme a existência do mensalão e puna os responsáveis. O discurso ficará no vazio, varrido pela sentença.

Caso ocorra absolvição, como ficariam as desqualificações aos ministros? O STF viraria, nesse caso, símbolo da Justiça no discurso do partido? Aguardemos as próximas semanas.

Coluna - 19 de setembro de 2012

Coluna do jornalista publicada na versão impressa da edição de 19 de setembro de 2012:

PERCEPÇÃO
Se Quintal manteve seu patamar de intenção de votos no intervalo de 40 dias, o período mais acirrado de campanha até aqui ao menos causou um outro impacto no eleitorado: a percepção de uma eventual vitória do candidato do PSD.

CAUTELA
Equipe de Paulo Hadich tenta conter a euforia após a divulgação da pesquisa da Limite. O lembrete é a situação de Quintal, que liderava as sondagens até então e impôs discursos por muitos considerados otimistas até demais. Hoje, senador Eduardo Suplicy (PT) vem a Limeira para gravar apoio ao candidato e participar de uma caminhada.

CONTORNOS
Primeiro debate após a nova pesquisa, o encontros dos prefeituráveis amanhã, no Isca Faculdades, ganha novos contornos. Se mudanças estratégicas forem implementadas imediatamente pelas coordenações de campanha, os primeiros sinais devem ser emitidos neste debate.

INCÓGNITA
Uma incógnita nesta reta final é o impacto do julgamento do mensalão, que entra também numa fase decisiva, sobre o PT. A fase não é nada boa para os seguidores de Lula, mas daí a dizer que pode alterar o cenário de uma eleição municipal é outra coisa.

DIMENSÃO
O reconhecimento pela Justiça, se houver, de um esquema de compra de votos pelo PT é um rombo considerável na imagem do partido, especialmente na questão ética. Certamente será explorado à exaustão pelos adversários.

CARTADA FINAL
Vereadora Iraciara Bassetto (PV) já ingressou novo recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para tentar reverter seu enquadramento na Lei da Ficha Limpa.

A FAVOR DA MULTA
Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo emitiu parecer pela manutenção da multa aplicada pela Justiça Eleitoral à Fundação Lusenrique Quintal, mantenedora da TV Mix, por tratamento privilegiado ao candidato. Agora, TRE julga o recurso no plenário.

Reta final

Artigo publicado na versão impressa da edição de 17 de setembro de 2012:

O equilíbrio sempre foi, desde o início, uma característica do processo eleitoral deste ano em Limeira. A imprevisibilidade também. Os novos números da corrida eleitoral coletados pela Limite Consultoria, a pedido da Gazeta de Limeira, indicam uma reta final com a mistura total desses dois fatores.

A ascensão de Hadich (está em empate técnico com Quintal) é reflexo direto do ritmo forte de campanha que o candidato vem empregando desde o início de agosto.

O vereador soube aproveitar todos os fatores que lhe eram favoráveis: o maior tempo de TV, o menor índice de rejeição e o grau de conhecimento dos eleitores.

Quando ainda estava fora do pelotão da frente, uma característica marcava o candidato: desconhecido, ele tinha o voto de quem o conhecia. Com a campanha nas ruas, TV, rádio e entrevistas, Hadich ficou mais naturalmente conhecido pela população, e o crescimento nas intenções de voto, em todas as regiões da cidade, veio como consequência.

Sua subida se deu em dois campos: nas regiões periféricas, onde era mais desconhecido, e nos brancos e nulos, um eleitorado que tinha exatamente o perfil de seus votantes.

A conquista nos votos na periferia atingiu em cheio um adversário direto, Eliseu Daniel dos Santos. O candidato do DEM viu suas intenções de voto recuarem drasticamente nas regiões do Cecap e do Nossa Senhora das Dores, áreas populosas onde dividia a preferência maciça dos eleitores com Quintal. Agora, é Hadich quem ocupou esse espaço.

Imaginando estar entre os protagonistas desta eleição, Eliseu não se preparou para ser codjuvante. Sua associação a aliados de Silvio Félix, se não rendeu-lhe perda de votos, ao menos o desestabilizou e contaminou o ânimo da campanha. Quando decidiu ser mais incisivo contra os adversários, mirou em Quintal.

Enquanto isso, Hadich correu por fora e se beneficiou. Faltando 21 dias para as eleições, se ainda quiser chegar ao segundo turno, Eliseu terá de correr muito para recuperar a preferência que perdeu para Hadich.

Já Quintal manteve-se, num intervalo de 40 dias, numa mesma faixa, mas seu índice de rejeição voltou a subir.

As indicações de que poderia não participar mais de debates vinham de um discurso otimista que acreditava, inclusive, numa vitória em primeiro turno. Agora, resta saber como Quintal lidará com a mudança do cenário.

No mesmo patamar do início de agosto, Kléber Leite tem pouco tempo para alterar seu desempenho.

Uma coisa é certa: serão 21 dias intensos de campanha.

Coluna - 12 de setembro de 2012

Coluna do jornalista publicada na versão impressa da edição de 12 de setembro de 2012:

DESONERAÇÃO PERIGOSA
Parecer jurídico da Câmara Municipal ao projeto no qual Zovico reduziria a alíquota de IPTU de quatro novos condomínios foi taxativo: concessão do benefício, por meio de desoneração, é meio hábil para, em tese, influenciar no equilíbrio das eleições e deve ser evitado neste momento. Vereadores devolveram a proposta ao Executivo.

OTIMISMO
Nas contas de Lusenrique Quintal (PSD), faltariam cerca de 4 mil votos para ele ganhar em primeiro turno, cenário rechaçado com veemência pelos seus adversários. Próximas pesquisas (registradas) indicarão se o cenário traz razões para o otimismo.

COMPROMISSOS
Artistas, educadores e servidores estão firmando cartas-compromissos com os candidatos a prefeito. Segmentos organizados estão de parabéns pela iniciativa.

MAIS EXEMPLOS
Da mesma forma, faculdades limeirenses também dão exemplo ao convidar os candidatos para debater com estudantes.

ACOMPANHA O CUSTO
Na capital, crescimento de Fernando Haddad (PT) nas pesquisas acompanha o montante de gastos: R$ 16 milhões, conforme a prestação parcial de contas mais recente. É a campanha mais cara do País. Imaginemos em quanto a conta fechará.

PUNIÇÃO MANTIDA
No último dia 4, o Tribunal de Justiça (TJ) manteve a decisão do júri limeirense que determinou 30 anos de cadeia para A.T., o "Gibi", acusado de ser o mentor das ataques do PCC em Limeira, em março de 2006. A punição foi pela morte do PM Ricardo Lara. No próximo dia 27, "Gibi" voltará a enfrentar novo júri, desta vez pela morte do PM Rômulo Henrique Davi, na mesma época.

MAIS ANTIGO
Caso das apostilas, que resultou em ação civil pública na última semana, era o inquérito civil mais antigo em aberto na Promotoria do Patrimônio Público. Instaurada em 2008, a apuração aguardou todos os trâmites das avaliações do Tribunal de Contas do Estado para ser encerrado.

Cultura de metas

Artigo publicado na versão impressa da edição de 10 de setembro de 2012:

Antes de sair da Câmara Municipal, o vereador Mário Botion (PMDB) deixou uma grande contribuição para o serviço público nos próximos anos.

Na última sessão do Legislativo, a Casa aprovou um projeto, de autoria dele, que obriga o próximo prefeito a criar um programa de metas, que inclui a realização de audiências públicas e a divulgação periódica dos indicadores de desempenho, para que a população acompanhe a execução dos itens e metas.

Na iniciativa privada, o advento das normas de qualidade, especialmente a partir dos anos 90, obrigou as companhias a adotar a cultura dos indicadores e metas.

A proposta é simples: para melhorar a qualidade dos produtos e serviços, primeiramente é preciso saber em que pé se encontra cada área da cadeia produtiva. A partir disso, define-se uma meta, sempre mensurável, e criam-se planos de atividades a serem postas em prática para atingi-la. Ao longo do período, há um monitoramento constante do indicador, o que permite identificar tendências - caso aponte para o não cumprimento da meta, há possibilidade de implementar ações a tempo para que isso não se concretize.

Evidente que precisamos guardar as diferenças entre uma administração pública e privada, mas a cultura de trabalhar com metas pode ser, sim, adaptada ao poder público, dentro das possibilidades.

Em muitas áreas é possível medir a satisfação dos clientes (no caso, a população) e, a partir disso, planejar ações. Tomemos, por exemplo, o transporte coletivo e os postos de saúde, abordados nos últimos dois domingos por esta Gazeta - pesquisas mostraram a avaliação dos usuários quanto aos serviços.

Há muitos outros indicadores importantes para avaliar os setores de atuação do poder público, como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e a taxa de mortalidade infantil, e áreas às quais o Município pode dar suporte, como o Produto Interno Bruto (PIB).

O texto de Botion, que deverá entrar em vigor para o ano que vem, sugere outros parâmetros, como promoção do desenvolvimento ambientalmente, socialmente e economicamente sustentável; inclusão social, com redução das desigualdades regionais e sociais; e atendimento das funções sociais da cidade com melhoria na qualidade de vida urbana.

Quando vemos as propostas dos candidatos a prefeito, notamos várias ideias e desejos, mas poucos com ligação direta a um ponto de partida.

É compreensível que, na propaganda eleitoral, falar de evolução do PIB e do Ideb fique como opção secundária ante as mensagens mais claras e promessas de ações práticas, mas a administração pública só será mais eficiente à população quando se orientar por indicadores objetivos, que independam do prefeito que a comande.

Os agentes públicos passam, mas são os cidadãos que permanecem, com demandas novas e ampliadas a cada ano.

Coluna - 5 de setembro de 2012

Coluna do jornalista publicada na versão impressa da edição de 5 de setembro de 2012:

ADITIVOS IRREGULARES
Tribunal de Contas do Estado (TCE) reprovou os aditamentos os termos aditivos e de prorrogação feitos pela Prefeitura de Limeira no contrato com a Forty Construções, em 2005, que também já havia sido julgado irregular. O órgão também impôs multa ao secretário de Obras, Celso Gonçalves, de 300 ufesps (R$ 5,5 mil). Cabe recurso.

A RELATORA
Última tentativa de participar das eleições de Iraciara Bassetto, barrada pela Lei Ficha Limpa, ficará nas mãos da ministra Nancy Andrighi, relatora do recurso que chegou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ela é tida como linha-dura contra os "encrencados".

APLAUSO
Odair Santos, atleta limeirense que ganhou anteontem medalha de prata na Paralimpíada, receberá uma moção de aplauso da Câmara Municipal. Proposta foi apresentada pelo vereador José Farid Zaine (PDT). Merecida homenagem.

MAIS UMA ETAPA
Ocorreu ontem, no Fórum, mais uma audiência da ação civil pública do Caso Unifarma, uma das primeiras movidas pela Promotoria do Patrimônio Público contra o prefeito Silvio Félix. Sete anos transcorreram e o caso ainda será julgado em primeira instância.

TAXA ZERO OU BAIXA
Enquanto a mortalidade infantil em Limeira aumentou em 2011 e atingiu o pior índice desde 1997, o Seade divulgou ontem que 185 municípios paulistas não registraram óbito de criança com menos de um ano de idade no ano passado. Em 323 cidades, a taxa está em menos de um dígito.

CONFRONTOS
Debate realizado anteontem pela RedeTV/Folha de S.Paulo com os candidatos a prefeito de São Paulo teve um clima totalmente oposto ao que aconteceu no debate de Limeira, no início de agosto, na TV Jornal. Houve confrontos diretos desde o início do programa.

A pleno vapor

Artigo publicado na versão impressa da edição de 3 de setembro de 2012:

A 35 dias da data da votação e como previsto, as campanhas dos prefeituráveis em Limeira entram setembro em ritmo acelerado e já sem aquelas justificativas dadas em agosto de que estavam no começo e o mais importante estaria por vir.

O início da campanha na TV e no rádio também encerra o período de amenidades entre os candidatos. Agora, cada um olha o outro e, encontrando possibilidades, faz-se uma representação à Justiça Eleitoral ou uma alfinetada indireta nos próprios programas eleitorais.

Na última semana, os dois fatos ocorreram com frequência e darão o tom daqui para frente.

Com a possibilidade real de um segundo turno, a tradição do eleitor pensar mais em eleição nas proximidades da votação, o equilíbrio natural de um processo eleitoral onde não há um candidato a reeleição e a existência de um eleitorado ainda cicatrizado pela crise política que culminou na cassação de Silvio Félix, nenhum dos candidatos se atrevia a fazer discursos fortes. Esta fase parece ter acabado.

Nos programas eleitorais e entrevistas, Kléber Leite, com poucos recursos, mas usando a desenvoltura que já tem com a experiência de apresentador de TV, imprime um ritmo mais forte, em tom verborrágico.

Já as campanhas de Eliseu Daniel dos Santos e Paulo Hadich disputam acirradamente os votos mantendo, oficialmente, um clima distante, mas, nos bastidores, uma batalha de informações.

Na última semana, a CPI do Messias, que adentrou perigosamente no período eleitoral, permitiu que o processo também ingressasse na apuração, conflitando as duas campanhas.

De um lado, a dispensa da oitiva de Benedito Rosada foi atribuída, nos bastidores, a vereadores ligados a Eliseu; do outro, há críticas na politização dos trabalhos, conduzidos por Hadich, que tinha uma equipe de TV acompanhando os depoimentos.

Quintal, por ora, mantém-se distante dessa briga, ao passo que só mudará o ritmo caso seja atacado. A forma como reagirá ninguém sabe.

No campo das propostas, como bem observado por Roberto Lucato na sexta-feira, a partir das entrevistas com os prefeituráveis publicadas pela Gazeta, sobram ideias para os diversos problemas que a cidade enfrenta.

Com a aproximação da votação, acirramento entre as campanhas e exposição das propostas, o assunto eleição entra, ainda que tardiamente, em definitivo nas casas dos limeirenses e nas rodas de conversas, a pleno vapor.

Como o eleitor receberá essa carga de informações e as eventuais alfinetadas que podem se intensificar são incógnitas, mas com prazo para se desfazerem: 7 de outubro.

Coluna - 29 de agosto de 2012

Coluna do jornalista publicada na versão impressa da edição de 29 de agosto de 2012:

NOVO NEGÓCIO
A empresa Broken Hill Advisors S.A. adquiriu, por R$ 1,2 milhão, uma área no Distrito Industrial Anhanguera. A Prefeitura diz que o espaço foi comprado por meio de licitação e que não pode passar mais informações, pois a empresa pede sigilo antes do anúncio oficial.

PROJETO ASSEMBLEIA
Fora da Câmara pelos próximos 4 anos, o vereador Piuí tem novos planos. Ele quer sair candidato a deputado estadual em 2014. Diz que já tem legenda à vista, mas só irá se filiar na metade do ano que vem. Nessa eleição, Piuí fechou apoio a Eliseu Daniel (DEM).

PONTO COMUM
Em ao menos um ponto todos os candidatos a prefeito são unânimes: o sucateamento do Ceprosom e o enfraquecimento dos projetos assistenciais nos últimos anos.

DIVISÕES
Professores se sentem divididos quanto à questão da possível greve por conta do corte da merenda. Lembram-se do desgaste com o movimento feito em abril passado, considerado ilegal pela Justiça. Na época, a revolta era contra o sindicato dos servidores (Sindsel), o mesmo que, agora, quer promover a greve. Desde aquela época, as relações entre Apeoesp e Sindsel estão "frias".

OUTRO TRÂMITE
Juiz Adilson Araki Ribeiro determinou a redistribuição do processo movido pela Anadec contra a Foz do Brasil, na qual pede ressarcimento aos consumidores por cobrança abusiva da taxa de esgoto, para uma das varas cíveis do Fórum de Limeira, uma vez que não pessoa jurídica de direito público interessado.

IMPUGNAÇÃO MANTIDA
Procuradoria Regional Eleitoral (PRE-SP) emitiu parecer pela manutenção da impugnação, feita pela Justiça Eleitoral em Limeira, da coligação "Rumo ao Desenvolvimento", formada por PRTB-PSL, por não atender o índice mínimo de 30% de mulheres concorrendo pela chapa. Decisão, agora, cabe ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP).

O risco de sermos todos juízes

Artigo publicado na versão impressa da edição de 27 de agosto de 2012:

Desde quinta-feira, quando votou pela absolvição do deputado federal João Paulo Cunha dos crimes que lhe são imputados no processo do mensalão, o ministro Ricardo Lewandowski é alvo de uma achincalhação pelo fato de ter tido entendimento contrário ao colega Joaquim Barbosa e ao procurador-geral da República.

Na internet e na mídia, especialmente formadores de opinião pública que não aceitam qualquer outro resultado que não seja o da condenação - que, sem serem juízes, já emitiram sua sentença -, avolumam-se críticas que resvalam na calúnia e aumentam a pressão para que, neste julgamento, o Supremo Tribunal Federal (STF) só faça justiça se condenar todos como, parece demonstrado, a plateia quer.

O voto do ministro Lewandowski é apenas um entre os onze (ou dez, se Cezar Peluso não votar) que tomarão uma decisão. Assim, ele pode ser vencido caso a maioria dos colegas acompanhar o voto de Barbosa. Da mesma forma, pode ser o predominante caso o colegiado o aceite.

O mais grave, a meu ver, são as insinuações mais infames feitas contra Lewandowski (alguns já o chamam de militante do PT) por ele ter tomado um posicionamento, com os fundamentos que entendeu serem corretos, que diverge dos daqueles que, usando ou não fundamentos opostos, clamam pela condenação do réu em questão.

Obviamente, não entrarei na discussão se João Paulo Cunha, José Dirceu e os demais réus são culpados ou inocentes porque não tenho acesso aos autos, não conheço fundamentos jurídicos nem tenho competência para julgá-los. Quem tem todos estes requisitos são os ministros do STF.

No entanto, causa-me espanto como muitos com quem converso, mesmo estando nas mesmas condições que eu, já tenha sentença pronta antes de o julgamento se desenvolver por completo.

A consequência disso explica o que se passa hoje com Lewandowski, que tem, junto com seus colegas do Supremo, a responsabilidade de integrar a instância maior do Judiciário brasileiro: se tem entendimento diferente, sofre enxovalhamento.

Num lúcido artigo publicado quinta-feira no jornal O Estado de São Paulo, a jornalista Dora Kramer cita que as tentativas de se adivinhar o comportamento dos ministros reforçam a desinformação e a ideia de guerra na Corte, e passa aos brasileiros a impressão de que os juízes, e não os réus, estão sob o crivo da suspeita.

Adiciono: o comportamento obsessivo do brasileiro, em geral, de formar convicção, julgar e emitir sentença em público sem ser juiz nem ter o comportamento que se espera de alguém que tem de decidir (no mínimo, analisar a tese e a antítese), cria um ambiente perigoso, em que um ministro do STF, em sua legítima atuação, é enxovalhado por fazer seu ofício: julgar.

Num país em que todos são juízes, é o bom senso quem corre risco de perder espaço.

Coluna - 22 de agosto de 2012

Coluna do jornalista publicada na versão impressa da edição de 22 de agosto de 2012:

CONTRADIÇÕES
Apesar do depoimento de Messias tê-la favorecido, Nilce Segalla poderá enfrentar, ainda, problemas no relatório final da CPI, devido a possíveis contradições entre o depoimento que prestou aos vereadores e o que falou anteriormente sobre o recebimento do suposto dossiê.

SEGUNDA ACAREAÇÃO
A CPI do Messias não deve ficar apenas em uma acareação. Após participar do procedimento com Carlos Henrique Pinheiro, o Ricko, o protagonista da CPI está disposto a fazer o mesmo com Sérgio Sterzo, outro que, se for mesmo depor, deverá desqualificá-lo.

DEBATE OBRIGATÓRIO
Não vejo demonstração de desequilíbrio na falta de afinidade entre os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski no julgamento do mensalão. O processo é extremamente complexo e, como está na última e única instância, o mais salutar é a exposição argumentativa, ainda que divergente, sobre todos os aspectos do caso. O momento tem de ser de debate mesmo.

SEGURANÇA REFORÇADA
No próximo dia 27 de setembro, o tráfego ao redor do Fórum terá problemas. A.T., o "Gibi", acusado de ter ordenado em Limeira os ataques do PCC em maio de 2006, que mataram um PM e feriu outro, será julgado nesta data, o que exigirá reforço de segurança e, consequentemente, impacto no trânsito da região.

COM O MP
Com o encaminhamento do relatório de sindicância, que apontou improbidade, ao MP e o recolhimento da multa aplicada ao prefeito cassado Silvio Félix, o TCE arquivou neste mês os autos do processo referente à contratação da Delta Construções, empresa do Caso Cachoeira, pela Prefeitura de Limeira. Agora, o caso fica exclusivamente sob análise da Promotoria.

BALANÇO
Conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ocorreram, até o momento, oito renúncias de candidaturas a vereador em Limeira. Outros cinco tiveram registro indeferido.

Constrangimento evitável

Artigo publicado na versão impressa da edição de 20 de agosto de 2012:

A atuação do vereador Almir Pedro dos Santos (sem partido) na CPI do Messias na última semana serve como reflexão neste momento em que mais de 200 mil eleitores terão a disposição mais de 300 candidatos para escolher e compor a próxima legislatura, que terá, ao contrário dos 14 atuais, 21 representantes da população na Câmara Municipal.

Ficou visível para todos os presentes que o vereador - a quem respeito, friso - não tem as mínimas condições para exercer o papel de integrar uma comissão investigativa, tarefa que pode ser delegada a qualquer membro do Legislativo.

Durante os três dias de oitivas, Almir não fez uma intervenção sequer para questionar os depoentes. Enquanto os depoimentos aconteciam, com frequência era visto olhando para o lado contrário, em direção ao vazio.

Em algumas votações de requerimentos, quando alguém propunha algo, o que exigia uma resposta "sim" ou "não", Almir respondia "presente", como se estivesse dando ciência de seu comparecimento a uma sessão legislativa e totalmente alheio ao que se passava.

Antes de responder aos requerimentos, Almir precisava da ajuda dos companheiros, especialmente a do verador Eliseu Daniel, que sentava ao seu lado, para entender o assunto que estava sendo tratado. Na única participação que teve, dizia ser contrário à condução coercitiva às testemunhas faltantes, mas, na sequência, inquirido a responder ao objeto de votação, votou a favor, em oposição ao que tinha acabado de dizer. Ninguém sabe se ele votou sabendo o que era.

Numa campanha eleitoral para o legislativo, as opções oferecidas ao leitores são variadas.

Quando Tiririca foi eleito deputado, houve muitas críticas quanto à ação do MP que questionava sua dificuldade de ler e escrever. Para muitos, havia preconceito contra a chegada de uma pessoa simples ao Congresso.

A democracia tem suas particularidades. Se uma Casa Legislativa tem, preferencialmente, que representar os diversificados segmentos da sociedade, Tiririca pode ser encarado como um representante, sim, de uma parcela da sociedade, mesmo com todas suas dificuldades.

O preço, evidente, se paga de uma outra forma. Não vemos qualquer projeto relevante apresentado por Tiririca, e ele está longe de ser um deputado influente. E é natural que tenha dificuldade de entender o funcionamento de muitas coisas. Da mesma forma, ser uma pessoa letrada pode não significar, necessariamente, um digno representante legislativo - fiquemos no exemplo de Demóstenes Torres.

Analisar as condições e a disposição de uma pessoa para atuar como vereador são dois pressupostos importantes para a escolha de um candidato.

Lembre-se: escolhemos um para que represente todos. Almir não estava na CPI para representar seus eleitores, mas todos os limeirenses. O eleitor tem o poder de evitar episódios constrangedores como vistos na última semana na Câmara.

Coluna - 15 de agosto de 2012

Coluna do jornalista publicada na versão impressa da edição de 15 de agosto de 2012:

DESÂNIMO
Embora, tecnicamente, a dispersão das intenções de voto espontânea para vereador deixe todos em empate técnico, muitos candidatos se sentiram decepcionados por não aparecerem entre os 75 nomes lembrados.

IMPREVISÍVEL
Ninguém faz apostas sobre o depoimento de Messias hoje, na Câmara. Ele é imprevisível. Mas o que disser dará rumo aos demais depoimentos que serão tomados.

PREVISÍVEL
A precariedade da estrutura da Câmara de Cordeirópolis é anunciada há tempos. Fui na inauguração em dezembro de 2010 e, na ocasião, ao esbarrar num corrimão metálico, este veio a se desmontar em minhas mãos. Pelo jeito, as fragilidades não mudaram.

MUDANÇA DE FOCO
Com a municipalização da merenda, vereadores tentaram, nas oitivas da CPI sobre o assunto, algum ânimo a mais. Como o principal objeto foi alcançado antecipadamente, o foco do relatório final será mesmo a Le Barom e recomendações à Prefeitura.

FÓRUNS
Além da Faal, a Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA/Unicamp) também deseja debater ideias com os prefeituráveis. Aos poucos, os segmentos da sociedade limeirense promovem eventos para ajudar o eleitorado a conhecer as propostas.

RELATOR OCUPADO
Pedido de Silvio Félix no Supremo Tribunal Federal (STF), para ter acesso total às investigações no MP, está parado desde 5 de junho, concluso, no gabinete do relator, ministro Joaquim Barbosa. Como sabido, Barbosa, assim como os colegas, está totalmente concentrado no julgamento do mensalão do PT, do qual também é o relator.

DESLIZE
Deputado Otoniel Lima (PRB-SP), ex-vereador em Limeira, passou sufoco ao ser questionado por uma repórter do humorístico CQC para soletrar a palavra "excesso". Vídeo foi exibido no programa de segunda-feira. As duas tentativas feitas pelo deputado arrancaram risos dos telespectadores.

Incipientes no esporte

Artigo publicado na versão impressa da edição de 13 de agosto de 2012:

O período da Olimpíada é uma oportunidade rara em que os brasileiros se dão conta de muitas coisas que acontecem por estas bandas na área esportiva.

Arthur Zanetti, campeão olímpico nas argolas, não era o principal nome na delegação brasileira da ginástica, nem figurava como favorito para ganhar a medalha mais almejada. Já tinha um nome entre os que acompanham a modalidade, mas, para passar a "existir" para os brasileiros, foi preciso conquistar a medalha de ouro.

Sarah Menezes é um outro exemplo. A primeira medalha dourada que ela conquistou para o judô feminino, além da própria magnitude em si, expôs também uma fórmula na qual o Brasil ainda caminha.

Ela recebeu incentivos do Bolsa Atleta, um programa governamental que ajudou-lhe na projeção e, consequentemente, na obtenção de patrocínios privados. É o exemplo mais bem acabado daquilo que sempre cobramos: apoio do Poder Público como incentivador do esporte. Mas, para que tudo isso viesse à tona e ela passar a "existir" para os brasileiros, foi preciso conquistar a medalha de ouro.

Se Zanetti e Sarah tivessem sido eliminados durante as disputas, provavelmente jamais descobriríamos que o Brasil tem, sim, potencial nas argolas e que é possível colhermos frutos quando o Poder Público incentiva o esporte.

A forma como o brasileiro vê o esporte ainda tem como ponto de partida uma única modalidade: o futebol. Encerrada a disputa de Londres, a tendência é que só voltaremos a falar de argolas ou judô feminino em massa daqui a quatro anos, nos Jogos do Rio.

Enquanto esta cultura for mantida, continuaremos a desconhecer o potencial que o País tem nessas modalidades, que lutam anonimamente e com poucos recursos para obter resultados.

Assim, o Brasil, uma nação incipiente em entender o esporte na forma macro, que colhe resultados de forma isolada e pouco sistemática, está há quatro anos de um dos maiores desafios em termos de organização, que é receber uma Olimpíada.

E nessa esfera, também somos incipientes: um novo velódromo será construído no valor de R$ 115 milhões, para substituir um outro que foi erguido no Pan de 2007. Naquela época, falava-se de um legado que, como vemos agora, não aconteceu e exige-se mais dinheiro para o legado olímpico.

Legado? Mas quantos de nós saberia dizer hoje nomes brasileiros nessa esfera esportiva que usa o velódromo, assim como os de Zanetti e Sarah antes de suas conquistas? Somente sediar competições internacionais não mudará a forma como vemos o esporte.

Coluna - 8 de agosto de 2012

Coluna do jornalista publicada na versão impressa da edição de 8 de agosto de 2012:

SEMELHANÇA
Cenário de intenções de votos em branco e nulos em Campinas é semelhante ao de Limeira. Pesquisa Ibope, encomendada pela Rede Globo, feita em julho, mostra que o índice lá chega a 21%. Aqui, está em 23%. Em comum, o fato de as duas cidades terem seus prefeitos cassados.

DESCONTENTES
A permanecer este cenário até o segundo turno, quem chegar à frente será eleito já tendo de lidar com uma parcela expressiva de limeirenses insatisfeita. Mas há tempo - e necessidade - para os candidatos trabalharem as mensagens a este público.

IMEDIATO
Resultados da pesquisa devem influir nas estratégias das campanhas antes mesmo do início da propaganda eleitoral no rádio e na TV.

TELEMARKETING
Quintal informou, em sua primeira prestação parcial de contas à Justiça Eleitoral, que gastou R$ 2 mil em publicidade por telemarketing - aquelas ligações recebidas por muita gente via celular e que renderam reclamações.

MUNDO GIRA
Coisas da política. O mesmo PDT que expulsou Carlinhos Silva de seus quadros foi fundamental para a chegada dele à presidência da Câmara Municipal.

PUNIÇÃO MANTIDA
Fundação Casa rejeitou o recurso administrativo apresentado pela MVG Engenharia e manteve a multa de R$ 871.264,92 e a suspensão temporária de participação em licitações, por ter falhado na execução das unidades de Limeira.

DEMORA
A falta de médico legista no Instituto Médico Legal (IML) de Limeira voltou a render reclamação. O corpo do jovem Alison William da Silva, que morreu no início da noite do dia 2, só foi liberado para o velório por volta das 11h do dia seguinte, segundo o relato de uma funcionária da empresa onde o rapaz atuava.

Os desafios

Coluna do jornalista publicada na versão impressa da edição de 6 de agosto de 2012:

A primeira pesquisa de intenções de votos registrada em Limeira, feita pela Gazeta/Limite, cujos primeiros resultados foram divulgados ontem, traz, em seus detalhes, aspectos que sinalizam caminhos que podem ser tomados pelos candidatos a partir deste mês, quando as campanhas e os debates serão intensificados.

Quintal foi quem melhor aproveitou o morno início de campanha. Além de avançar nas intenções de voto, reduziu seu nível de rejeição, dois cenários que não poderiam ser melhores.

Eliseu, aparentemente, não sofreu a queda que muitos esperavam e empata tecnicamente com Quintal.

Hadich manteve bons desempenhos nas faixas onde já ia bem, mas não avançou nos redutos onde os líderes dominam.

Já Kléber, além de uma campanha inicial tímida e com rebeliões internas a domar, viu sua rejeição aumentar e empata tecnicamente com Hadich.

Assim, consolidam-se dois blocos antes da campanha começar para valer. O segundo turno é, ainda, a perspectiva mais real. Os que hoje aparecem à frente precisariam de mais de dez pontos percentuais de votos válidos para tentar levar no primeiro turno, o que parece altamente improvável.

Quintal deve começar o período mais quente de campanha tentando avançar sobre o eleitorado de Eliseu, até pensando num provável segundo turno. Já Eliseu tentará reduzir sua rejeição na faixa mais escolarizada.

Para tentar chegar ao primeiro bloco, Hadich deve apostar na campanha de TV, onde terá o maior tempo de exposição. Mas precisará acelerar a militância nas regiões mais periféricas e populosas da cidade, redutos dos líderes, e se concentrar em quem hoje vota em branco/nulo, cujo perfil se assemelha em muito ao eleitorado que já cativou. Tem a seu favor o menor índice de rejeição entre todos os candidatos.

Kléber viu sua preferência de votos diminuir nas áreas nas quais Quintal e Eliseu dominam. Além de se atentar a essa característica, terá de convencer o eleitorado escolarizado, o que mais lhe rejeita, e acalmar as divisões internas.

Além dos desafios individuais, um outro se impõe, e para todos os candidatos. As intenções de votos brancos ou nulos, em 22%, são altas e, como veremos nas divulgações seguintes, permanecem nos cenários de segundo turno.

Os números indicam que uma parcela expressiva do eleitorado, passados cinco meses do término da crise política que viveu a cidade, ainda se sente desmotivada com os candidatos. Convencê-los a dar um voto válido é um caminho que pode ser decisivo, especialmente se houver o segundo turno.

O julgamento

Artigo publicado na versão impressa da edição de 30 de julho de 2012:

Pelos próximos quarenta dias, no mínimo, afora as corridas eleitorais, não haverá outro assunto em âmbito nacional a ser explorado senão o julgamento do mensalão do PT, cujos efeitos têm poder de influenciar algumas das disputas municipais de outubro.

O maior problema do "julgamento do século" que se inicia nesta semana, como alguns já o chamam, é justamente a tentativa de tornar este processo como o "do século".

Parte desse mesmo espectro duas avaliações às quais entendo como precipitadas.

A primeira é a tese de que, ao julgar o mensalão, o Supremo Tribunal Federal (STF) estará julgando o governo Lula. A administração do metalúrgico já se encerrou há quase dois anos e ainda precisará de tempo para que seja analisada devidamente dentro do contexto histórico. Por ora, há que se registrar que Lula terminou seu governo com uma aprovação recorde, o que é uma forma de julgamento pelo povo. Assim, não me parece que o governo Lula estará no banco dos réus nos próximos 40 dias.

Da mesma forma, é precipitada a tese, lançada na última semana pela corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, de que o STF será julgado pela opinião pública durante o julgamento do mensalão, o que foi compreensivelmente entendido e rebatido como uma pressão aos ministros - a juíza disse isto afirmando que não conhece o processo do mensalão senão pelos jornais. Para isto, fico com a declaração do ministro Marco Aurélio Mello: "O que se espera, de fato, é que o julgamento fique exclusivamente restrito ao que os autos contêm. Manifestações desse tipo criam toda uma excitação".

O mensalão veio à tona há sete anos, e o Supremo se debruça sobre o processo há pelo menos cinco, quando a denúncia formulada pela Procuradoria-Geral da República foi aceita.

Houve tempo - até em excesso - para que todas as teses, acusatórias e de defesa, provas e memoriais, fossem analisadas.

Como em qualquer outro processo que passa por um julgamento, ao final haverá um que vence e outro que perde, mas, acima de tudo, uma decisão a ser respeitada e devidamente cumprida.

Como em qualquer decisão, haverá quem discorde, o que é absolutamente legítimo.

O mínimo que se espera é um julgamento técnico, e que a politização fique restrita, apenas, a quem faz política, e não justiça.