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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Removendo pedras

Texto do jornalista publicado na coluna na versão impressa da edição de 20 de junho de 2011:

Uma das características mais positivas da imprensa é, ao tornar pública uma informação, possibilitar a abertura do debate, no qual todos podem refletir, firmar convicções próprias, sugerir, aprimorar ideias e conceitos e, enfim, utilizá-los no dia a dia.

Neste ponto, a mídia ajuda os multifacetados segmentos da sociedade a se mobilizar e participar mais ativamente dos assuntos que lhes são pertinentes.

Causa estranheza a forma como a Prefeitura de Limeira reagiu após a Gazeta publicar o conteúdo das conversas acerca da regulamentação do mototáxi.

Ignorada há mais de uma década pelo Poder Público, a categoria sente-se subrrepresentada nas conversações.

O tema, aliás, seria melhor debatido se a Prefeitura fizesse audiências públicas. Ou se expandisse as discussões que uma comissão de vereadores faz há tempos na Câmara.

Por enquanto, nem um, nem outro.

Detalhes da regulamentação, ideias, sugestões, propostas e problemas devem, sim, ser levados ao público pela imprensa enquanto o projeto está em fase de elaboração.

Desta forma, os agentes envolvidos - não apenas os mototaxistas, mas, especialmente, os usuários atuais e potenciais do serviço - podem se mobilizar para sugerir melhorias.

Quem ganha com isso é a própria sociedade, cujos atores protagonizam o exercício de cidadania.

Noutra questão que tomou espaço na imprensa na semana passada, a justificativa de que o envio do projeto Ficha Limpa, de Félix à Câmara, encurta um longo processo de coleta de 10 mil assinaturas, é demagogia.

A mobilização pretendida pela OAB de Limeira, que será lançada amanhã, tem o mérito de incentivar os limeirenses a participar de um projeto popular. Para tanto, é preciso mesmo que haja tempo, mas isso é o que menos importa.

Se a questão da Ficha Limpa fosse tão urgente, já tinha sido proposta pelo Executivo faz tempo. Como não houve pressa alguma antes, porque agora?

Assim como no caso do mototáxi, é preferível um processo mais demorado, mas que represente as aspirações da sociedade, do que um outro discutido nos gabinetes.

A construção de uma sociedade mais participativa é um longo e pedregoso caminho. Atalhos e decisões tomadas por poucos em gabinetes só nos levam na direção contrária à cidadania.

É preferível termos pedras em nosso caminho. Porque isso nos incentiva a removê-las.

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