Texto do jornalista publicado na coluna na versão impressa da edição de 13 de junho de 2011:
Diz o marketing político que toda autoridade pública, em especial as que ocupam os cargos mais altos, precisa passar confiança e otimismo à população em suas manifestações.
Mas, em Limeira, o discurso oficial chega a ser surreal e permite, desnecessariamente até, aos limeirenses se perguntarem se é de Limeira mesmo que falam.
A cidade desenhada é linda. Quase não tem buracos, tem pujança econômica, está atraindo multinacionais como nenhuma outra do Estado, tem uma qualidade de vida impecável, todos os apontamentos do Ministério Público, quando indicam ilegalidades, não procedem, e por aí vai.
Chega ao ponto em que é dito que é desconhecido o déficit de vagas em creches, heresia desmontada nos dias seguintes quando o drama de uma mãe vai às páginas dos jornais.
A culpada, como sempre, é a imprensa - e o curioso é que isso não é dito no dia seguinte à beleza publicada, mas só quando o quadro bonito revela-se falso.
Não sou pessimista e reconheço que a Limeira de hoje, em vários aspectos, é muito melhor que a dos anos 90.
Quem pegou a época em que havia falta de água sabe apontar os avanços que a cidade teve.
Félix, em que pesem os problemas que enfrenta na Justiça, terá feitos lembrados no futuro, mas o que tira os limeirenses do sério é o excesso de garbo colocado em seus discursos e de aliados.
A imagem da cratera que engoliu uma rua no Jardim Adélia Cavichia Grotta, estampada na capa da Gazeta de sexta-feira, pode ter assustado muitos leitores, mas não os moradores locais.
As ruas do bairro estão, faz anos, sob constante perigo de desabar com os problemas nas galerias, sempre agravados pela chuva.
Moradores já receberam promessas de ajuda de vários vereadores e do SAAE, mas, em cinco anos, pouca coisa mudou.
Aliás, os vereadores que ajudam a pintar o maravilhoso quadro oficial poderiam alertar ao pintor principal de que não é preciso esperar afundar casas para agir e que construir torre é artigo de luxo, diante de galerias apodrecidas debaixo de ruas e casas.
Problemas não são resolvidos da noite para o dia, mas os limeirenses agradeceriam se o discurso oficial fosse menos propagandístico e reconhecesse que a Limeira de hoje ainda tem carências em áreas básicas, algumas delas urgentes.
Conforto não é dado só com palavras.
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