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segunda-feira, 27 de junho de 2011

Chiadeira eterna

Texto do jornalista publicado na coluna na versão impressa da edição de 27 de junho de 2011:

Osvaldo Davoli sempre faz perguntas difíceis de responder.

Numa conversa a respeito da possível duplicação da Rua Dr. Alberto Ferreira (a que passa em frente ao Edifício Prada) e a polêmica ideia de desapropriação de alguns túmulos do Cemitério Saudade 1, ele me questiona qual solução para o problema do tráfego, senão mexer no delicado assunto da remoção das lápides.

Difícil responder a essas perguntas, caro Davoli, sem conhecimentos de engenharia.

Mas o prefeito Silvio Félix diz que há espaço suficiente do outro lado da rua para obras e que a última alternativa seria a desapropriação de túmulos, que não será feita caso não haja consentimento das famílias.

Tá bom, mas quem está do outro lado da rua vai concordar, caso a Prefeitura queira desapropriar seu espaço?

Sempre haverá chiadeira. Vejam a Rua Tiradentes.

Ninguém tem dúvidas sobre a necessidade de corredores de ônibus, mas, para fazê-los, a Prefeitura precisa alterar cenários.

Mal começaram as obras de estreitamento da calçada e já surgiu a oposição de comerciantes e transeuntes.

Cadeirantes, que já sofrem com o despreparo estrutural das calçadas limeirenses, terão mais problemas pelo local.

Mas haveria outra solução para um corredor de ônibus necessário?

A ausência de avenidas centrais, tão presentes em outras cidades e que deveriam ter sido feitas lá atrás e não foram, obriga as autoridades a quebrarem a cabeça para que o fluxo no Centro não fique, a cada dia, mais desagradável do que é.

Inevitavelmente, alterações impopulares precisam ser feitas.

A taxa de crescimento da frota limeirense na última década superou - e em muito - o aumento populacional e a estimativa é de que, até 2020, cresça entre 20% e 30%.

Como fazer fluir um trânsito com uma frota desse porte sem mudanças profundas nas ruas?

A saída dos ônibus do entorno do praça do Museu é outra medida imperiosa, mas a ida do Terminal Urbano para perto da Rodoviária faz muitos reclamarem da distância da parada dos ônibus até o miolo do Centro limeirense.

A chiadeira é eterna e mudanças que mexem com o conforto das pessoas sempre vão enfrentar resistências.

A Prefeitura precisa, também, compreender essa situação e promover, sempre que possível, o diálogo prévio, a comunicação constante com moradores afetados por obras e fortalecer, mais que depressa, os agentes de trânsito, que podem ser mediadores mais próximos dos motoristas e da população.

Mesmo com chiadeira, Limeira precisa enfrentar seus dramas para oferecer um futuro melhor aos seus moradores.

2 comentários:

Anônimo disse...

Olha Rafael Sereno, e espero que o Sereno, não fique somente no nome, rssss. Respeito com os "mortos", todos em qualquer ocasião devemos sempre ter. Quando o assunto é delicado, alguns tentam se esconder para não tocar no assunto e assim ver como fica as coisas; e acho eu que esta atitude não é a mais indicada. Enfim relembrando situações do passado, dizia meu Pai que a avenida saudades, onde era antiga fundição da Invicta, que hoje se encontra casas e colégio Anglo, era descanso dos Mortos; e hoje situações existentes pelas mudanças ocorridas. Deve primeiro antes de lançarmos vereditos de verdades, avaliar com as respectivas famílias em mesmo ambiente do cemitério, logisticas possíveis; a Dor do passado jamais será mudada, o respeito sim deve ser eterno, e se fosse meus Pais ou Avós, enfim familiares, jamais me sentiria incomodado com a mudança, pois o respeito está em minha memória e em meu coração, não me causaria constrangimento a mudança a outro ambiente para seu descanso; claro que sempre respeitando tradições e suas particularidades.
As situações de evolução naquele ambiente de tráficos de pedestres e de carros estão e estarão cada vez mais caótico; pois somos ainda uma cidade de trânsito complexo, onde aumentou as quatro rodas e duas rodas, devendo evoluir no trânsico para diminuir os malefícios desse crescimento desordenado com acidentes diários que ocorrem inclusive no ambiente em questão.
Discutir as ações mesmo nesta questão dos contrários se faz necessário apresentando estudos que comprovem e confirmem esta necessidade abertamente, em qual lado seria melhor a duplicação e qual das opções causaria menor traumas as famílias em sua desocupaçao(se necessária) ou o outro lado da futura avenida, devido também ter o saudadesII.
Enfim, quando se age com abertura e clareza aos interessados,dando opções.Saberemos que tais atitudes será melhor a todos.
José Eli Baptistella.

Gazeta de Limeira disse...

Boa tarde, Dr. Concordo com suas palavras. De fato, toda a região perto da escola Trajano Camargo foi cemitério no passado. Inclusive, em obras recentes, ossadas foram achadas. Creio que o diálogo com as famílias é fundamental, caso a desapropriação dos túmulos seja a última saída. Mas o próprio prefeito me disse que há outras saídas antes dessa última. De qualquer forma, abrir a discussão é importante para que Limeira possa fazer hoje as obras necessárias para uma Limeira melhor no futuro. Obrigado pelo comentário, escreva sempre. Abraço. Rafael Sereno