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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O dia que durou três meses

Artigo publicado na versão impressa da edição de 27 de fevereiro de 2012:

Os dias históricos se perpetuam porque sempre haverão aqueles que os vivenciaram e contarão às gerações seguintes os seus significados.

A riqueza do que se viu na última sexta-feira, quando um prefeito legitimamente conduzido ao cargo foi, também, legitimamente retirado pelos vereadores, representantes dos limeirenses, não está somente na qualidade da decisão - na qual se misturam paixão, alívio, angústia, sofrimento, enfim, uma gama extensa de sentimentos a ser escolhida.

Está, também, na capacidade de cada um contar, de seu ponto de vista, o que ocorreu, viu, sentiu e o que significou a árdua luta para fazer prevalecer a vontade que a ampla maioria da cidade demonstrou nos últimos meses.

Quando fui acionado na manhã de 24 de novembro, corri para a Delegacia Seccional e me dei conta do que acontecia, a primeira pergunta que fiz, mentalmente, foi: "O que ocorrerá a partir de agora?".

Era perceptível, desde o início, que começava ali um episódio cujo rumo era imprevisível para a cidade.

Tão incerto que, dali a quatro dias, jamais imaginava testemunhar a Câmara, tão subserviente nos últimos anos à Félix, afastando-o de imediato.

O perfil de Félix nunca me deixou dúvidas sobre sua reação.

Ele lutaria até o fim, defendendo o indefensável, criando dúvidas no que foi apurado (muito bem, por sinal) pelos promotores.

A contratação de José Roberto Batochio foi a confirmação de que os limeirenses se veriam obrigados a presenciar uma luta jurídica sem fim.

Foi o que aconteceu nos últimos três meses. Não houve anúncio de novas empresas; não houve referências positivas à Limeira na mídia nacional; não houve projetos relevantes aprovados pela Câmara.

A consolidação das incertezas e a revolta da população impunham o destino selado e por mim testemunhado na sexta-feira.

O dia 24 de fevereiro de 2012 ainda será examinado a exaustão pela mídia, o natural "quem ganhou, quem perdeu".

Independentemente disso e antes que o processo eleitoral contamine as conversas, os limeirenses precisam, neste momento, dar um voto de confiança a Orlando Zovico, para que ele reconstrua a credibilidade institucional de Limeira.

E que os limeirenses consigam separar as emoções e os significados da sexta-feira da necessária serenidade que a cidade precisa, neste momento, para avançar.

Limeira levou três meses para encerrar um dia.

Quando abri a porta de casa no final da madrugada de sábado, a sensação que tive era a de que estava voltando do expediente de 24 de novembro.

Que venham dias menos demorados!

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