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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Como educar sem planejar

Artigo publicado na versão impressa da edição de 6 de fevereiro de 2012:

Como lidamos no dia a dia com todo tipo de notícia, às vezes um fato que causa espanto a qualquer um pode não ter o mesmo efeito para quem trabalha no jornalismo. Mas confesso que, na área de educação, ultimamente tenho me espantado por demais.

Na semana passada, o Ministério da Educação anunciou que vai gastar R$ 110 milhões na compra de tablets para serem usados em sala de aula das escolas públicas do país.

Fantástico, não? O problema é que o próprio ministério não tem um consenso sobre como usá-los pedagogicamente.

O resultado é que vão gastar um dinheirão com isso, colocar o tablet na sala e, depois, vai se ajeitando para ver no que dá. Em outras palavras, vai sobrar para o professor inventar um jeito de usá-lo.

Não sou contra o uso da tecnologia em sala de aula; sempre vi a internet e os múltiplos aparelhinhos cada vez mais rotineiros nas mãos dos adolescentes como ferramentas valiosas, desde que bem usadas.

Num mundo cada vez mais globalizado, um país, cuja expectativa de presença global cresce a cada ano, não pode abrir mão de políticas de inclusão digital na educação. O que não tem mais espaço, neste mesmo mundo globalizado, é o contínuo desleixo com o planejamento de políticas públicas, e nisso o Brasil, infelizmente, ainda exibe exemplos.

Um relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado no ano passado, concluiu que ainda não é possível medir o impacto de acesso a computadores e internet em sala de aula a resultados acadêmicos mais positivos.

É necessário averiguar a qualidade das atividades que são desenvolvidas na aula, completa o texto.

Fica evidente que implantar os tablets sem um plano pedagógico, como o MEC fez, é um visível erro de planejamento.

Ainda neste assunto, a mesma OCDE mostra, em outro estudo, que o Brasil, entre 33 países comparados, foi o que mais aumentou o gasto por aluno na rede pública na década passada (116%).

Mas o Brasil foi apenas o 57º entre 65 países avaliados no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) em matemática, e o 53º nos testes de leitura e ciências, conforme o último exame disponível.

Como se vê, não basta ter o dinheiro ou leis que disciplinem gastos mínimos com educação, nem devemos nos iludir com tablets e lousas eletrônicas anunciadas com pompa pelas autoridades da educação.

Sem planejamento, não haverá resultados a comemorar em curto prazo.

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