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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Soluções sem garantias

Artigo publicado na versão impressa da edição de 26 de setembro de 2011:

Uma tragédia na sala de aula, como a que ocorreu na última quinta-feira em São Caetano do Sul, quando um aluno de dez anos levou a arma do pai para a escola, atirou na professora e se matou em seguida, é sempre oportunidade que muitos aproveitam para criticar as condições das escolas públicas.

Mas a escola em questão era a melhor unidade pública de 6º ao 9º ano de São Caetano do Sul (cidade que tem um dos mais altos índices de desenvolvimento humano do País) e foi a melhor escola pública não técnica do Estado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

É uma escola modelo, numa cidade modelo. Nem isso a deixou imune de tragédias.

Certamente começará, a partir desse fato, discussão em torno das escolas serem obrigadas a implantar detectores de metal - medida que não sai barata e que seria paga por nós, contribuintes.

Ou, então, revistar todas as mochilas. Em 2006, numa escola estadual de Limeira, uma aluna enfeitou o fichário com um objeto estranho e o levou à escola, entre seus materiais. Um colega foi brincar com o adorno e descobriu-se que era, na verdade, um explosivo. Resultado: o menino perdeu três dedos da mão.

Neste ano, o Tribunal de Justiça (TJ) entendeu que era dever do Estado garantir a integridade física do aluno em suas dependências e mandou o governo pagar R$ 50 mil de indenização ao estudante.

O Estado justificou que era impossível vistoriar o que cada aluno leva à sala de aula. As escolas, que muitas vezes já sentem a falta de funcionários para as atividades básicas, teriam que multiplicar as pessoas nas portas para revistar centenas, milhares de alunos.

E, ainda, haverá os que acharão que esta alternativa configurará abuso, constrangimento, invasão de privacidade.

Assim como o massacre de Realengo em abril, o episódio de São Caetano reforça a impressão de que, cada vez mais, o debate sobre segurança nas escolas e suas consequências, como instalação de câmeras de monitoramento, vigilantes, muros altos, grades, cercas elétricas, prevalecerá sobre a ideia da escola aberta e usufruída pela comunidade.

A tendência é que as escolas se fechem mais, e não o contrário. Privar liberdades tem seus benefícios, mas também efeitos.

É uma falsa solução, com potencial enorme para virar novos problemas. E sem garantia de resolver os antigos.

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