Texto do jornalista publicado na coluna na versão impressa da edição de 5 de outubro de 2009:
A escolha do Rio de Janeiro para sediar a Olimpíada de 2016 coroou a boa imagem que o País conquistou nos últimos meses no exterior.
Foi uma vitória da diplomacia brasileira, que impôs uma derrota e tanto aos que acreditavam que o Brasil não teria condições de realizar um evento de grande porte.
Quem acreditava desta forma, como eu até algum tempo atrás, tem suas razões em diversos pontos.
Empreendimentos com grandes obras sempre foram sinônimos de corrupção, favorecimento, superfaturamento e má gestão de dinheiro público, pragas que continuam a assolar a gestão pública de nosso País.
Pelo que vimos em Brasília nos últimos meses, essa realidade está longe de acabar.
Acreditar que iremos conseguir organizar um megaevento sem estas peculiaridades é utópico.
É da má gestão que vem problemas de planejamento, e o projeto do Brasil para a Copa de 2014, por exemplo, já tem percalços neste sentido.
A previsão para a entrega do trem-bala no trajeto Campinaas-São Paulo-Rio de Janeiro era para antes do ano da Copa. Agora, já se admite entregar apenas o trecho Campinas-São Paulo até o evento.
O legado do Pan de 2007, idem, com obras, após a competição, com pouco uso até hoje.
Assim também será com a Olimpíada: uma saraivada de metas a serem cumpridas, com projetos em urbanismo, transporte, aeroportos, segurança e hotelaria, tudo alinhado à lentidão de nossa burocracia e à fome política das autoridades.
A experiência da Copa dois anos antes será um teste bom, mas são dois eventos de portes - e desafios - diferentes.
Olhar só os problemas, como dizer que há áreas prioritárias para receberem investimento - o que é verdade -, soa simplista nessa hora.
Se o País conseguir se organizar bem, e terá sete anos para tanto, um evento como a Olimpíada será um indutor significativo de desenvolvimento.
Os efeitos poderão ser percebidos em diversas áreas, mas consolidará uma realidade que há décadas (para não dizer séculos) falta ao País: prestígio internacional.
Jamais houve uma oportunidade melhor para o mundo apostar no Brasil, primeira economia mundial a atingir o grau de investimento após a crise, e que tem hoje em seu líder político uma figura respeitada e cada vez mais presente nas discussões globais.
O mundo apostou.
Jamais haverá oportunidade melhor como esta para o País mostrar ao mundo que pode aprimorar áreas fundamentais para a qualidade do desenvolvimento humano.
Boa sorte, Rio!
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