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segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A missão de Marina

Fazer prognósticos sobre política há um ano de eleições é algo por demais temeroso, mas é preciso que coloquemos a eventual candidatura à Presidência da senadora Marina Silva, ex-PT e agora no PV, em seu devido posto: uma mera aposta.

Já li articulistas dizendo que Marina é “um Lula de saias”, o que me parece um evidente exagero.

Ambos têm histórias pessoais marcantes, de origem humilde, de luta junto aos movimentos sociais, mas as semelhanças param por aí.

Lula só chegou ao poder porque parou de insistir em sua retórica esquerdista e precisou fazer aliados, especialmente no empresariado. Isso tudo ainda depois de ter disputado três eleições e perdido todas.

Marina é uma desconhecida nos rincões do País e, segundo pesquisa Datafolha, tem 3% das intenções de votos.

Dilma também era desconhecida, mas tem a popularidade de Lula em seu benefício, além da exposição natural que advém da importância do cargo que ocupa (ministra-chefe da Casa Civil) e políticas governamentais que estão sendo planejadas na medida para que ela se aproxime ainda mais do grosso do eleitorado brasileiro.

A senadora do PV pode até se beneficiar um pouco desse espírito de desânimo que, ciclicamente, atinge o brasileiro quando a ética dos políticos está na lama. Mas isso não é garantia de votos em massa e, como exemplo, há a expressiva votação de Lula no segundo turno em 2006 mesmo após o escândalo do mensalão.

Também não está bem clara a posição de Marina quanto a temas importantíssimos, como política econômica e todo pacote anexo (taxa de juros, superávit primário, etc).

Se até a oposição ainda não achou discurso afinado para se posicionar contra Lula na condução econômica, que dirá Marina!.

Lula tem hoje grande parte do empresariado lhe apoiando, Serra, principal candidato tucano, também tem bom trânsito no meio, e o que esperar do PV de Marina, se há possibilidade de o PSOL, de Heloísa Helena, apoiá-lo? Restará um tempo pequeno de propaganda na TV, insuficiente para conquistar votos em massa.

A entrada de Marina na disputa, porém, tem uma espécie de missão que terá grande utilidade para o debate no País.

Defensora do verde, a senadora terá muito o que propor nesta área e, assim, trazer uma agenda que ponha o desenvolvimento sustentável no centro do debate.

Certamente, num segundo turno, o apoio da senadora poderá ser crucial e aí tanto o candidato de Lula quanto o de oposição terão de compor uma carta de compromisso com as propostas de Marina.

Política é, como deixei a entender no início, imprevisível, mas a entrada de Marina nas eleições de 2010, além de ser um fato novo, pode ser uma aposta para ajudar a deixar o debate político menos enfadonho e um pouco mais limpo neste País.

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