Artigo publicado na versão impressa da edição de 28 de maio de 2012:
No último dia 10, travou-se na Câmara dos Deputados um interessante debate.
A pauta era um projeto de lei que obriga as escolas a divulgar, em uma placa na porta dos estabelecimentos, o seu Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), principal indicador que mede a qualidade do ensino.
Opositores à ideia têm um pensamento em comum. Para eles, estampar o número do Ideb na porta da escola é estigmatizar os alunos, carimbá-los com o rótulo de que estudam na pior escola. "A placa vai lembrar a criança todos os dias que ela está em uma escola ruim", argumentou uma representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação.
A deputada Dorinha Seabra Rezende defendeu que o Ideb tem de ser um instrumento de mudança, e não de constrangimento. A União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) levantou outra tese desfavorável à ideia: professores não vão querer trabalhar em unidades com índices ruins.
Um dos principais defensores do projeto, o especialista em educação Gustavo Ioschpe, disse nesta audiência a frase que me dá a oportunidade de escrever este texto: "O que constrange é a má qualidade do ensino, e não a sua divulgação".
Não consigo ver, assim como Ioschpe, como uma eventual realidade - uma nota ruim do Ideb - possa ser melhorada sem que todos os envolvidos, especialmente a comunidade e os pais, tão fundamentais numa unidade escolar, saibam exatamente em que pé se está.
Faço aqui um paralelo à tese da divulgação com o que ocorre na merenda escolar em Limeira. A Secretaria Municipal de Educação pode - e deve ser - cobrada pela má qualidade do alimento que a empresa contratada no governo Félix serve às crianças da rede municipal. Mas não podemos deixar de registrar que houve uma mudança de postura após a secretária Araciana Dalfré assumir o cargo ocupado por Antônio Montesano Neto, com o aval de Orlando Zovico.
A Prefeitura poderia (não seria certo) evitar a divulgação da inconcebível e absurda tonelada de alimentos estragados achados nas escolas. Mas, até o momento, nenhuma informação tem sido dificultada e a realidade chega aos limeirenses.
Surge a pergunta inevitável: isto só ocorria agora? O que ia antes para as escolas? Pensamos um monte de coisas e não há resposta porque antes, simplesmente, não havia transparência por parte da Prefeitura.
Assim como no caso do Ideb, o que constrange é a má qualidade, e só com a divulgação da realidade se sabe o ponto de partida para achar as soluções. Ainda que tardiamente e só mesmo após tudo o que ocorreu, a Prefeitura parece adotar um caminho correto para a solução: inicia pela transparência.
É um bom começo.
segunda-feira, 18 de junho de 2012
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