Artigo publicado na versão impressa da edição de 7 de maio de 2012:
A percepção popular é realmente interessante. Muitas vezes sem qualquer base estatística e fundamentados, principalmente, por observações, convivências, experiências e impressões, rótulos surgem e se fincam no imaginário popular, nas conversas de bar ou nas praças, em reuniões e levantamentos de perfis.
Limeira não é diferente. Mas os últimos dados do Censo, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam que alguns rótulos procedem por um lado, mas não se justificam por outros.
Um rótulo dado rotineiramente a Limeira, a de que esta é uma cidade "hospitaleira", "acolhedora", parece se confirmar com o Censo.
Traduz-se, especialmente, no fato de 78% dos 57 mil moradores de Limeira que vieram de outros Estados estarem instalados aqui há 10 anos ou mais, e na constatação de que, a cada 10 residentes, quatro não nasceram aqui. É um rico universo que atua na transformação de nossa cultura.
Em outra vertente, há tempos ouço que Limeira é uma cidade "dormitório". Pela primeira vez, o IBGE forneceu dados sobre limeirenses que trabalham fora. O número constatado, 98 mil, o que equivale a 35% da população, assusta numa primeira impressão e parece confirmar o rótulo de que parte expressiva dos limeirenses passa o dia fora da cidade e só volta aqui para dormir.
Rápida observação em municípios vizinhos indica que Limeira não está sozinha neste universo. Em Americana, 42% dos moradores locais trabalham em outras cidades, mesmo percentual de Cordeirópolis. Em Rio Claro, o índice chega a 40%. Iracemápolis se iguala a Limeira (35%). Em Piracicaba, o índice está pouco abaixo (33%) e o número absoluto impressiona: 120 mil trabalhadores em outras cidades.
Morar num lugar e trabalhar em outro, portanto, não é uma característica apenas de Limeira, e sim do crescimento natural de oportunidades e da proximidade, cada vez menor no campo econômico, entre as cidades.
A criação da Aglomeração Urbana de Piracicaba, em que políticas públicas serão pensadas e discutidas em âmbito regional, tende a acentuar ainda mais esta realidade.
Se a ideia da macrometrópole paulista, pensada pelo governo estadual como a grande mancha urbana de 153 cidades, da Baixada Santista até Piracicaba, que produz 80% de toda riqueza do País, se desenvolver, a tendência é de que as cidades cedam cada vez mais seu patrimônio humano para outros municípios, ao passo que aumenta também a possibilidade do inverso.
Resta saber se Limeira está preparada para isso. Hospitaleira ela é. Mas temos condições de competir em qualidade de vida e oportunidades no mercado de trabalho? Eis os desafios.
terça-feira, 22 de maio de 2012
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