Artigo publicado na versão impressa da edição de 10 de outubro de 2011:
Muita gente achou exagerado o destaque dado pela imprensa no tratamento da morte de Steve Jobs; outros, no tom de genialidade atribuído por empresários, jornalistas, usuários em geral ao co-fundador da Apple.
Ainda é cedo: a história exige tempo para que impactos sejam assimilados e compreendidos em contexto, mas é possível, a partir de pensamentos do inventor e seu trabalho, ter uma dimensão do que pode ficar de legado.
Jobs já era rico antes de inventar o iPod, lançado em 2001. Mas ele o inventou e criou novos paradigmas no jeito de tocar e, consequentemente, no modo como consumimos música. Se você ainda não conhece esse aparelho, quando conhecê-lo, soltará a expressão que melhor o resume: "Como é que pode caber tanta música nesse aparelhinho?".
Ele podia ter parado por aí, mas inventou e lançou, em 2007, o iPhone. Criou novos paradigmas no mercado de telefonia. Se você ainda não conhece esse aparelho, quando conhecê-lo, soltará a expressão que melhor o resume: "Como é que um celular pode fazer tanta coisa?".
Jobs podia ter parado por aí, mas ele inventou e lançou, em 2010, o iPad. Criou novos paradigmas no mercado de computadores pessoais. Se você ainda não conhece esse aparelho, quando conhecê-lo, soltará a expressão que melhor o resume: "Como é que os recursos de um computador cabem numa prancheta?".
O sucesso de seus aparelhos se deve a uma característica aplicável a qualquer outro produto: eles são fáceis de serem usados por todas as pessoas e oferecem comodidades aos seus usuários.
Jobs costumava dizer que sabia o que consumidor ia querer. "Se você faz algo de bom e tudo dá certo, acho que é hora de pensar em outra coisa e tentar adivinhar o que vem pela frente", dizia.
O espírito irrequieto e criativo de Jobs impediu-o de parar após seu primeiro sucesso e o resto já sabemos.
Inovação exige criatividade e o sucesso de qualquer produto é medido na satisfação de seus consumidores, e não nas vontades de quem o produz.
Parece simples, mas Jobs, sempre ele, também já dizia que o "simples pode ser mais difícil que o complexo".
Jobs morreu na semana em que foram divulgados os ganhadores do Prêmio Nobel, nunca vencido por um brasileiro.
O jornalista Alexandre Garcia, em seu comentário radiofônico, pontuou. "Isto é o reflexo de nossa educação. Como anda nosso investimento em pesquisas?".
Reforço: estamos estimulando crianças, jovens, estudantes e empreendedores a pensarem em fazer o novo?
Os produtos de Jobs prezam pela comodidade aos consumidores, mas, lembremos, com o exemplo do próprio dono da Apple: comodidade é perigosa quando anula a vontade de criar.
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