Texto do jornalista publicado na coluna na versão impressa da edição de 28 de fevereiro de 2011:
Num espaço de cinco dias, entre a força-tarefa que fechou postos de combustíveis, casa noturna e bares e a lacração do Shopping Pátio, voltou à tona a impressão ruim de que tudo em Limeira é proibido, diferentemente de outras cidades.
Pior é a sensação de que ela sempre retorna à pauta da opinião pública, para ser esquecida e voltar novamente, sem que nada mude e ou saia do discurso para ações efetivas.
Significativa parte da população limeirense adquiriu hábito de ser intolerante com situações que prejudicam seu bem-estar.
Neste sentido, não importa se ela já foi jovem e se divertiu; se frequentou festas ou falou alto, em meio ao som alto, numa conversa descontraída em sua juventude. Afetou, reclama-se no Ministério Público, Cetesb ou Prefeitura.
Um direito ferido justifica a intervenção das autoridades competentes. Esse é o preço (bom) de se viver numa sociedade regida por leis que preservem direitos individuais e coletivos e com instituições que zelam pelo cumprimento delas.
Da mesma forma, significativa parte dos empreendedores limeirenses adquiriu o hábito de achar que pode oferecer entretenimento (louvável iniciativa) sem atender à legislação.
Neste sentido, escoram no discurso de que toda fiscalização que flagre irregularidades representa um atentado à disposição deles em atenderem um público carente de opções de lazer, ou ao desenvolvimento do município.
Porém, esse é o preço de se viver numa sociedade regida por leis, feitas por representantes do povo que trabalham, infelizmente, sem que sejam fiscalizados da forma devida por aqueles que o elegeram.
Autoridades que estão no poder, ou já passaram por ele, ainda não encontraram uma forma para solucionar ou amenizar esse dilema vivido por empreendedores e público.
No caso do shopping, houve conivência, porque era sabido que o local estava com alvará vencido e nada foi feito.
É chato agir contra um empreendedor que investe, gera empregos e paga impostos, mas é dever legal. A ilegalidade só prospera porque faltam disposição para discutir o problema e vontade para fiscalizar.
Ao lado do campus 2 da Unicamp, entre o Jardim Morro Azul e Parque Nossa Senhora das Dores, havia uma área extensa, um pouco afastada de bairros, boa para ser destinada a empresários do lazer; poderiam ser feitas ruas onde vizinhos não reclamariam de vizinhos, porque ambos seriam empreendedores do lazer. Preferiram destiná-la a um projeto habitacional.
Fazer um local adequado para empresários do entretenimento é melhor do que incentivar as pessoas a não buscarem seus direitos.
Enquanto esse tema não for prioridade, Limeira permanecerá com o rótulo de “cidade da proibição”, em vez de “cidade onde se cumprem leis e há convivência saudável do desenvolvimento com o lazer”.
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