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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Primavera desbotada

Artigo publicado na versão impressa da edição de 14 de novembro de 2011:

Enquanto a juventude árabe foi propulsora de manifestações históricas em 2011, derrubando ditaduras, na “Primavera Árabe”, por aqui a manifestação mais célebre do ano é a de um minúsculo grupo de estudantes da Universidade de São Paulo (USP) que não quer a PM no campus, revoltados que estão após policiais flagrarem três alunos fumando maconha no espaço universitário.

Já escrevi aqui uma característica da juventude local que, acredito, possa ser estendida ao jovem brasileiro em geral.

Ou ele(a) gosta muito de política e geralmente está associado(a) a um partido ou segmento organizado (a minoria), ou é completamente desconectado(a) do assunto (a maioria).

O grupo que ocupou a reitoria faz questão de exibir símbolos políticos. Fazer política é legítimo, lutar por uma causa, integrar um movimento, também.

Não há mal algum em fazer isto dentro de um Estado democrático de direito, regido por leis que valem em todo o território brasileiro.

Se são oposição à presença da PM no campus, que protestem.

Se defendem a descriminalização da maconha ou de qualquer outra droga, que façam protestos, mobilizações, passeatas nos espaços adequados.

Vão às Câmaras Municipais, às Assembleias Legislativas, ao Congresso, aos locais onde se fazem as leis para alterá-las, se assim desejam.

Mas, enquanto houver leis, estas precisam ser respeitadas.

Ocupar um prédio público é crime, praticar vandalismo é crime, desobedecer à ordem judicial é crime.

A ação da PM fez valer o cumprimento da ordem, da Justiça que legitima o que é de direito - creio até que a USP errou em aceitar que a desocupação fosse adiada, pois tinha de ser feita imediatamente, conforme a ordem judicial.

"Vi ontem uma mãe na delegacia, chorando porque o filho estava preso, mas ele foi preso porque escolheu. Esses alunos, esses pais, parecem não ter noção do que é chorar por ter perdido um filho. Talvez, se tivesse policiamento, o meu Felipe não teria sido morto com um tiro na cabeça". A frase está no jornal O Globo e foi dita por Zélia Paiva, mãe de um aluno assassinado dentro do campus da USP, em maio. Foi depois disso que a PM voltou a fazer o policiamento interno de maneira mais ostensiva.

Se há problemas na atuação da PM, os alunos da USP têm direito de protestar e lutar para exigir uma polícia mais eficiente.

É tudo uma questão de escolha por qual causa lutar. Parece que a “Primavera Brasileira”, além de desbotada, direciona mal sua energia.

Os maus políticos agradecem!

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