Artigo publicado na versão impressa da edição de 1º de agosto de 2011:
Reportagem de Daíza Lacerda nesta Gazeta mostrou um panorama real, longe do discurso e propaganda oficial, da camada mais pobre de Limeira.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) contabilizou 1.749 residências que estão em situação de pobreza extrema, o equivalente à miséria, cuja renda por pessoa chega até R$ 127,50.
Aproveito este espaço para detalhar estes dados e acrescentar outros.
O instituto fez um recorte mais específico sobre renda domiciliar, que será base para implementação do programa Brasil Sem Miséria, lançado pela presidente Dilma Rousseff com a ambição de tirar 16,2 milhões de pessoas da miséria até 2014.
Considerando o número de pessoas que declararam renda mensal entre R$ 1 e R$ 70, vivem hoje na miséria 2.412 limeirenses.
Os domicílios onde estas pessoas moram representam 1% do total da cidade, o que faz muitos julgarem tratar-se de um porcentual insignificante.
Ainda que fosse, nem por isso deveria ser tratado com indiferença. E mais: 2 mil pessoas elegem, em muitos casos, um vereador na cidade.
Mas, para breves comparações, em Americana, os 567 que vivem na miséria não alcançam 1% do total.
O mesmo ocorre em Campinas, Mogi Mirim, Cordeirópolis, Iracemápolis, Rio Claro, Santa Bárbara D’Oeste e Araras, cidades próximas de Limeira e com índice de miseráveis abaixo de 1%.
O Censo 2010 indica, com números oficiais, aquilo que as estatísticas do governo federal relativas ao Bolsa Família sugeriam, quando apontavam Limeira como líder de beneficiados na região: mesmo com aumento de oferta e geração de empregos, o nível de renda da cidade é baixo e a pobreza extrema ainda é uma realidade.
Faz duas semanas escrevi que esta década é promissora para Limeira em termos de desenvolvimento econômico.
Mantenho a expectativa, mas, importante também lembrar, especialmente as autoridades, que o progresso precisa aliar a questão econômica com a social.
A chegada do Brasil sem Miséria a Limeira pode ter o mesmo efeito do Bolsa Família: ajudará, mas não mudará o panorama se não houver chance para o chefe de família se qualificar e conseguir viver sem o auxílio oficial.
A vinda de multinacionais e a presença da Unicamp, que pode auxiliar, além de formar mão de obra, na parte acadêmica, com estudos e pesquisas locais, são oportunidades de ouro para que a cidade se desenvolva.
Temos as ferramentas. Mas também temos 2 mil miseráveis.
Aproximar as duas faces para obter um equilíbrio social à altura de Limeira é um desafio, que pode e deve estar na pauta política de 2012.
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