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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Desastre e triunfo

Texto do jornalista publicado na coluna na versão impressa da edição de 17 de janeiro de 2011:

O dia 12 de janeiro está fadado a ficar na história como sinônimo de tragédia.

Foi nessa data que, em 2007, a negligência e a imprudência soterraram 7 pessoas numa estação do metrô em obras na capital.

Em 2010, nesse mesmo dia, o Haiti viu um terremoto abrir fendas que nunca serão cicatrizadas e sepultar estimadas 319 mil pessoas, numa conta que não fechou até hoje.

E foi no último dia 12 que nós, brasileiros, sentimos que o Haiti está aqui, na maior tragédia da nação.

As centenas de corpos levadas pelos “rios de janeiro” no Rio de Janeiro e pelo descaso do Poder Público em não conter a ocupação em áreas de risco não sairão da lembrança tão rápido. Ao longo dos anos, 12 de janeiro será um dia de retrospectivas tristes.

Quis o destino que a data com tantas recordações negativas também ficasse gravada na história de Limeira e do esporte nacional.

O triunfo da Winner no dia 12 de janeiro sobre o Pinheiros, que deu a Limeira o bicampeonato paulista de basquete, não só foi um momento memorável local, mas do esporte nacional.

Derrotar um time tido como superior, com uma cesta, a 1 segundo do final, fez vibrar todos que gostam, acima de preferências pessoais, do esporte em si e dos valores que ele representa: honestidade na luta, sucesso em equipe, coroação do trabalho diário e tantos outros que não caberiam aqui.

Relatou-me o colega Edmar Ferreira: quando a bola final caiu, os limeirenses ao redor da cabine da Rádio Educadora invadiram o local da imprensa, todos num pulo frenético, inconsciente, expressão de alegria pura.

Ali, os problemas do dia a dia foram barrados para que uma felicidade fosse extravasada, como se todos não tivessem tempo posterior para repetir tal gesto. O esporte tem esse poder, daí porque ele merece, por parte do poder público local, atenção maior que hoje não tem.

Um fato esportivo não se sobrepõe às tragédias.

Amanhã, o torcedor terá que voltar para as ruas e tomar precauções, sempre que chove.

Amanhã, faremos sinal de respeito em memória dos mortos pelas chuvas, que deveriam ser exemplo para que tragédias evitáveis sejam, de fato, evitadas daqui por diante.

Mas amanhã lembraremos que, em meio à tristeza trazida pelas águas, houve em Limeira um momento de alegria genuína, oferecida por pessoas humildes, que fizeram, por instantes, o limeirense pular de alegria sem pensar em mais nada.

Valeu, Winner! E que os 12 de janeiros futuros sejam, para o Brasil e para o mundo, o que foi neste ano para Limeira.

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