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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Que sejam 1.038 exemplos

Texto do jornalista publicado na coluna na versão impressa da edição de 8 de novembro de 2010:

Em 2005, escrevi, ainda no período da faculdade, um artigo (www.iscafaculdades.com.br/nucom/comentario_15.htm) sobre o início da popularidade dos blogs como plataforma de comunicação.

Na ocasião, os jornais avaliavam a viabilidade dessa ferramenta. Naquela época, uma questão intrigante era a instantaneidade da informação lançada na rede pelo autor do blog, misturada às percepções do transmissor, também passadas diretas aos leitores.

Hoje, o blog é uma realidade consolidada e, mais que usado com meio informativo, permitiu a expansão da liberdade de expressão. Qualquer pessoa pode criar seu blog e nele escrever sua opinião sobre tudo.

Cinco anos depois, uma outra ferramenta se popularizou, o Twitter, que se caracteriza pelas mensagens curtas e sintetizadas. Como o blog, qualquer pessoa pode criar um perfil no Twitter e nele escrever o que quiser, sobre qualquer tema, a qualquer hora e havendo rede de internet disponível.

A possibilidade de qualquer pessoa transmitir informação e emitir sua opinião para milhares de outras via internet é tida por muitos como mais uma conquista de liberdade de expressão.

Porém, como toda nova ferramenta propiciada pelo avanço da tecnologia, novas preocupações surgem. Após a confirmação da vitória de Dilma Rousseff, uma estudande de Direito postou a seguinte mensagem no Twitter: "Faça um favor a SP, mate um nordestino afogado" - Dilma teve vitória folgada sobre José Serra na Região Nordeste.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Pernambuco ingressou notícia-crime contra a estudante, por crimes de racismo e incitação pública.

A ONG SaferNet já identificou e encaminhou ao Ministério Público Federal outros 1.037 perfis de usuários no Twitter que postaram mensagens de ofensas a nordestinos.

No ambiente da internet, em que a informação se propaga em velocidade, o cuidado em veicular um dado ou opinião deve ser redobrado, e esta discussão tem que estar presente nas escolas e nas casas.

A ideia de que a web é um território sem leis há muito está se desvanecendo. No caso em questão, a Polícia Civil em São Paulo já abriu inquérito para apurar casos de racismo nas mensagens, crime que, pela Constituição Federal, é inafiançável e imprescritível.

As reações das autoridades diante desta repugnante onda de ofensas podem ser determinantes para que novos paradigmas sejam estabelecidos no combate aos crimes cibernéticos.

Uma ampla investigação desses 1.038 perfis de usuários deve servir de exemplo para que todos pensem na responsabilidade do que escrevem e levam ao público na internet.

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