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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Os debates que ajudam pouco

Texto do jornalista publicado na coluna na versão impressa da edição de 16 de novembro de 2009:

Arnaldo Jabor acertou na veia na última quinta-feira. Você, caro leitor, chamaria o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, advogado por formação, para analisar e consertar a tomada danificada de sua casa?

O ministro, convém lembrarmos, foi indicado por José Sarney (sempre ele) para, dentro da cota do PMDB, ocupar um dos cargos que exige mais conhecimento técnico que político. Como consequência, alguém acredita quando ele diz que o caso do apagão está encerrado?

Explicações para o que aconteceu na última terça-feira, quando um blecaute impôs a escuridão para o coração financeiro do País, não podem, num país sério, serem dadas sob a pressão do debate político.

Mas, embora aparentemente sejam problemas e tenham causas diferentes, Lula prova do veneno que utilizou no passado, quando um apagão em 1999 e o racionamento de energia em 2001 viraram instrumento político fortíssimo para seu partido criticar a gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

O setor elétrico foi partilhado nos últimos anos entre aliados de Lula sob a conveniência política.

Há pouco mais de dois anos, quem comandava a pasta era Silas Rondeau, indicado por Sarney e afastado após ter o nome envolvido em fraudes da empreiteira Gautama.

Após sua saída, um técnico ocupou provisoriamente a pasta (Nelson Hubner) até que Sarney indicasse Lobão, que há dois anos conseguiu a proeza de sair do antigo PFL, oposição, para entrar nas fileiras do governo Lula.

Esse fisiologismo não interessa ao País numa área crucial como o elétrico, setor que supre toda uma economia.

Tampouco as comparações entre o apagão de agora e os problemas no governo FHC irão levar a algum lugar.

Pelo contrário; num momento em que o País começa a ganhar pequena credibilidade internacional na área econômica e recebe a missão de organizar os dois maiores eventos esportivos mundiais, a politização do debate, tanto pelo PT quanto pelo PSDB, só tende a produzir efeitos nocivos.

Ainda quanto o fisiologismo, está na hora de rever o loteamento das agências reguladoras, como Anatel (Telecomunicações), Anac (Aviação Civil) e Aneel (Energia Elétrica).

Apenas neste último caso, é patético ver como não há coragem para levar a efeito a devolução ao consumidor do dinheiro cobrado a mais pelas concessionárias desde 2002.

Foi preciso um acidente aéreo com 199 mortos para que houvesse mudanças na Anac; o que será necessário para que ocorra nas outras?

O embate PT e PSDB vai se acirrar ainda mais até a eleição em outubro de 2010, mas o bom senso tem de prevalecer para o País não retroceder.

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