Texto do jornalista publicado na coluna na versão impressa da edição de 30 de novembro de 2009:
A atitude de rasgar, descartar e até mesmo incinerar material didático distribuído pelo Poder Público, flagrado por este jornal em três diferentes escolas na última sexta-feira, é um exemplo sintomático – e preocupante - da falta de percepção e comprometimento de estudantes para com a comunidade.
Os materiais poderiam ser usados por outros alunos no ano seguinte, ou, como bem apontado pelo repórter Denis Martins, em bibliotecas comunitárias, espaços que estão ampliando a difusão da educação na periferia.
Dizer que foi um ato de comemoração em função do fim do ano letivo e que isso é comum são justificativas descabidas.
Se faltasse material escolar ou pusesse um preço nos livros, o Poder Público seria o primeiro a ser execrado por pais, imprensa, lideranças, sociedade em geral. Mas os alunos os recebem de graça, vindo de dinheiro do contribuinte brasileiro, fator que por si só já bastaria para que tivessem zelo pelo material.
Esta aí o problema 1: não saber lidar com o bem público.
Queimar um objeto que pode ser utilizado por outro é jogar no lixo conceitos de reúso, tão abordados nas salas de aula em função da necessidade de conscientização ambiental.
Problema 2: é uma pena os estudantes demonstrarem que não estão nem aí com princípios de reutilização.
O mau exemplo não para por aí: com a baderna, papéis e mais papéis esvoaçaram pelo Centro e das imediações do Jardim Glória, levando sujeira a ruas e casas. Qual foi a mensagem passada pelos estudantes a quem presenciou a imundície?
Problema 3: foi um vandalismo explícito.
Os registros feitos pelos fotógrafos da Gazeta mostram um outro aspecto. Enquanto botavam fogo no material, alunos riam, como se orgulhosos de tal atitude.
Problema 4: não tinham dimensão alguma do que faziam.
Resumo da ópera: quando alunos celebram a passagem de ano destruindo livros públicos, como se estivessem se livrando de algo ruim, é sinal de que pouco aprenderam a noção de que a educação é instrumento de progresso, não de retrocesso.