Texto do jornalista publicado na coluna na versão impressa da edição de 27 de dezembro de 2010:
Um dos vereadores da Câmara Municipal assim analisou, perto da meia-noite do último dia 20, a situação inédita do adiamento da votação que elegeria a Mesa Diretora da Casa e a ampliação do bloco oposicionista: “Estamos fazendo história”.
Pode ter durado uma noite apenas – deu a lógica no dia seguinte, com a vitória de Elza Tank –, mas os efeitos desse processo eletivo vão ressoar muito pelos próximos dois anos.
Eliseu Daniel dos Santos, que já lançou seu nome para a disputa do Edifício Prada em 2012, falou em um projeto oposicionista que terá continuidade – ao lado de Ronei Martins, Paulo Hadich, Mário Botion e Miguel Lombardi.
Há pouco tempo, quando ainda era aliado ao prefeito Sílvio Félix, o atual presidente da Câmara teve discussões homéricas em plenário com Hadich e Ronei, em defesa de projetos do Executivo.
Mas, na política, tudo passa e bastam interesses comuns para que todos bebam no mesmo copo e as palavras sejam relegadas ao esquecimento.
Fato é que, ao juntar-se à oposição, Eliseu se torna um novo fiel da balança no jogo de forças da Câmara, função que nos últimos anos coube ao hoje vereador afastado pela Justiça, acusado de corrupção, César Cortez (PV).
Explico: em torno de um projeto que passava pelas eleições deste ano e, principalmente, a disputa pela Prefeitura daqui a dois anos, Cortez tinha uma postura mais oscilante que barco no mar. Ora ameaçava votar com a oposição, ora com a situação.
Cortez ficou célebre ao dizer que seria o quinto a assinar se houvesse outras quatro assinaturas para a CPI dos Fantasmas – quando viu, a apuração fora instalada, tornando-o irrelevante.
Foi dele o voto decisivo para que, em 2007, a CPI que investigaria a SP Alimentação não fosse instaurada. O escândalo da merenda veio e varreu Cortez e suas pretensões políticas.
Com cinco assinaturas, cria-se uma CPI na Câmara, que é uma forma de desgaste ao Executivo.
Magoado com Félix, a quem acusa de não o ter apoiado suficientemente na eleição de outubro último, Eliseu pode dar o troco, sendo a mão da quinta assinatura de todas as CPIs que podem surgir.
Mas ele pode também forçar uma situação para que seja escolhido o candidato de seu partido atual, o PDT – se Eliseu deixar a agremiação em busca de outra, visando 2012, pode ser questionado na Justiça e perder o cargo de vereador, uma péssima ideia.
Se Eliseu será como barco no mar, só o futuro e as ondas da política dirão.
* A coluna deseja a todos os leitores um excelente 2011