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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Os efeitos do estrelismo

Texto do jornalista publicado na coluna na versão impressa da edição de 18 de outubro de 2010:

Cinco anos de mandato, incluindo 118 mil votos capitalizados quando se reelegeu em 2008, com votação histórica, não foram suficientes para o prefeito Sílvio Félix controlar uma de suas características como administrador público: excessiva centralização de ações.

Dois anos restando para encerrar sua passagem pelo Edifício Prada, ele começa a sentir os efeitos políticos de seu estrelismo.

Para exemplificar quão centralizador Félix é: para fazer a tradicional edição especial de aniversário do município em setembro, além da costumeira entrevista com o prefeito em exercício, a Gazeta planejou ouvir secretários de diversas áreas para traçar uma expectativa de panorama para os próximos 10 anos.

Na área de transportes, o secretário Rodrigo Oliveira não falou; Félix deu entrevista.

Quando procurada pela reportagem, a secretária de Planejamento, Ana Cristina Machado, temeu a entrevista, e a Prefeitura informou que Félix queria falar por ela.

Tive que, gentilmente, recusar o pedido, dizendo à assessoria de Félix que o aniversário era de Limeira, e não do prefeito.

O rompimento político com Félix anunciado pelo presidente da Câmara, Eliseu Daniel dos Santos, passa pelo projeto pessoal do segundo, tendo em vista as eleições de 2012 e sua vontade, antiga, de ser prefeito, mas traz embutido o comportamento centralizador do primeiro.

Félix, de fato, tinha, e buscou por todos os meios, só um único objetivo nas urnas neste ano: eleger a esposa, Constância.

Para isso, ignorou Eliseu na reta final e deu demonstrações de apoio a uma candidata de fora, Aline Correa.

Foi o fator determinante para Eliseu “abandonar o barco” de Félix.

Nos últimos dois anos, a atuação do deputado estadual Otoniel Lima foi ofuscada o quanto possível por Félix - inicialmente, ele concorreria com Constância a uma vaga na Assembleia.

Quando a região da Ponte Preta sofreu rachaduras e foi interditada às pressas em 2009, Otoniel buscou ajuda e trouxe a Defesa Civil do Estado para avaliar e auxiliar financeiramente na recuperação imediata.

Félix não deu bola para a ajuda de Otoniel e da Defesa Civil, e o caso se arrastou por meses.

Otoniel se elegeu deputado federal, e não houve uma única manifestação pública de Félix de parabenização por isso, nem mesmo um simples telefonema diplomático.

Como também não houve demonstração pública de apoio a César Cortez, que foi seu aliado em muitas ocasiões, e até agora o único a sofrer desgaste político visível com o caso da merenda, ao ser denunciado à Justiça por corrupção.

Vereadores que sempre foram aliados do prefeito começam a ensaiar mudança de comportamento.

Raul Nilsen, por exemplo, tinha vontade de integrar a CPI da Merenda, mas foi atropelado pela tropa de choque convocada por Félix para assumir o comando das investigações.

Piuí pode voltar à bancada oposicionista.

Assim, Félix começa a pagar o preço político por querer ser o centro das atenções em tudo: a perda de aliados.

E como seria a administração pública de Limeira nos próximos 2 anos com um prefeito desgastado politicamente?

Só torço para que isso não “engesse” a administração pública mais que o perfil centralizador de Félix.

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