Texto do jornalista publicado na coluna na versão impressa da edição de 11 de outubro de 2010:
A votação surpreendente de Marina Silva, suficiente para levar o pleito presidenciável ao segundo turno, é o exemplo mais bem acabado de uma disputa que cansou os eleitores pela ausência de propostas.
Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) chegam à segunda fase sem brilho.
A primeira, porque seu partido “colocou a carroça na frente dos bois”, esperava demais comemorar a vitória no primeiro turno – a frustração é admitida pelos dirigentes petistas.
O segundo, porque não avançou ao segundo turno por conta própria – deve agradecer os eleitores de Marina eternamente.
O crescimento da “onda verde” nos últimos dias, fenômeno que não foi captado pelas pesquisas de intenção de voto, já teve diversas explicações de especialistas, mas parcela expressiva de contribuição, acredito, teve o último debate, na TV Globo, no qual Dilma e Serra se mostraram apáticos para se confrontarem.
Propostas bem trabalhadas, então, nem pensar! Irritado com os dois, o eleitor indeciso, ou que ainda não tinha o voto consolidado, optou por uma terceira via, no caso, Marina.
A ausência de um debate sério, agora, exige um preço alto para os dois. Não obstante, um assunto que requer discussão legítima e sensata, como o caso do aborto, delicado para se discutir num país de características conservadoras, está sendo jogado em meio à campanha eleitoral de forma equivocada.
Tucanos entendem que uma suposta indecisão por parte do programa do partido de Dilma a respeito da descriminação do aborto é motivo para tachar a petista de ser favorável ao ato.
Militantes se incumbem de espalhar, via internet, uma parafernália de mensagens tendenciosas.
Aí, num exemplo anticidadania, bispos católicos usam sua influência para pregar o voto contra Dilma, como se a única exigência para ser presidente é ser contra o aborto (e ela diz que é), ignorando o debate sobre educação, desenvolvimento, meio ambiente e todas as demais áreas.
Do outro lado, Dilma e o PT vão ressuscitar um tema já batido, as privatizações, utilizado por Lula para atropelar Alckmin em 2006.
Se a ida para o segundo turno, motivada por Marina, foi um pedido do brasileiro para um debate melhor, os candidatos e seus respectivos partidos que ainda estão na disputa pelo comando do País, com auxílio de diversos setores da sociedade, estão pertos de convencer o brasileiro a “emendar” o feriadão de Finados.
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