Texto do jornalista publicado na coluna na versão impressa da edição de 13 de setembro de 2010:
Há alguns anos, ao fazer uma pesquisa na internet, topei com o site desciclo.pedia, uma espécie de antítese da Wikipédia (enciclopédia livre na internet), que faz inúmeras sátiras - muitas criativas, outras pejorativas - a respeito de termos.
No verbete “Limeira”, chama a atenção a relação de empreendimentos que faliram no município, entre eles, obviamente, o Limeira Shopping Center, exemplo mais marcante.
Cansei de ouvir de amigos que moram em outras cidades a mesma interrogação que muitos limeirenses fazem. “Como é que pode até um shopping falir em Limeira?”.
O assunto é complexo, trata-se de empreendimento administrado pela iniciativa privada, mas a falência do Limeira Shopping deixou um estigma que ainda perdura, de que é difícil um negócio avançar em Limeira.
A desativação da antiga refinaria da União em 2008, deixando um elefante-branco no Centro da cidade, só aprimorou esse pensamento negativo, infelizmente.
Em 2005, ao fazer uma ampla reportagem para o jornal da faculdade sobre os efeitos do fechamento do shopping, firmei convicção de que a melhora da autoestima dos limeirenses quanto à prosperidade de negócios passa necessariamente pela reativação do antigo shopping.
Não faltam exemplos de empreendimentos bem-sucedidos nos últimos anos - o Shopping Pátio é um -, sustentados pela labuta quase solitária de persistentes empresários, mas, a todos que passam pela Rodovia Anhangüera, o abandono de um shopping, diante do potencial que se espera de um empreendimento desse porte em ótima localização, reforça o estigma de que nada dá certo no município.
Por isso, vejo que a intervenção da Prefeitura no sentido de encurtar a volta do antigo Limeira Shopping é extremamente positiva, apesar de críticas severas de muitos que acham inoportuno gastar R$ 11 milhões num prédio deteriorado.
Pessoas que acompanham o processo de falência do antigo shopping são unânimes em afirmar que, se esperarmos o desenlace na Justiça, é grande chance de se perder mais um década em função das infindáveis possibilidades de recursos que nosso sistema jurídico permite.
Em transações que envolvem muito dinheiro, é salutar que haja uma fiscalização dessa operação, e aí sim caberia, por exemplo, a constituição de uma comissão na Câmara para acompanhar o assunto.
A volta do Limeira Shopping é mais que uma opção de compra aos consumidores limeirenses; significa, também, virar uma página triste que ajudou a perpetuar em Limeira uma pecha negativa de frustração nos negócios, ferida que insiste em não cicatrizar-se.
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