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segunda-feira, 3 de maio de 2010

Fingimento pré-eleitoral

Texto do jornalista publicado na coluna na versão impressa da edição de 3 de maio de 2010:

O período de pré-campanha para as eleições majoritárias de outubro está reforçando, novamente, a necessidade urgente de uma mudança na legislação que regule, especialmente, essa própria fase.

Oficialmente, não há candidato algum, pois as convenções partidárias só os homologarão em junho, para, daí em diante, começar de fato as propagandas; porém, todos sabem quem já é postulante.

O que vemos é um fingimento disparatado em todo o País.

A única fala que é evitada é o “vote em mim [ou nele/nela]”, que caracteriza explicitamente a campanha eleitoral; do resto, vale tudo.

Vale fazer visitas aos bairros periféricos da cidade, longe dos holofotes da mídia, como estão fazendo diversos pré-postulantes de Limeira; ir a programas populares de TV prometer criação de ministério, como fez José Serra no Brasil Urgente, comandado por José Luiz Datena, ou ter um cabo eleitoral fortíssimo como Dilma tem em Lula, que usa o pronunciamento oficial do 1º de maio para defender seu modelo de governo e dizer que o “povo brasileiro saberá defendê-lo”, numa clara referência às eleições.

Diante dessa legislação que obriga os candidatos a fingir que não os são, cria-se um campo propício para guerras jurídicas.

A cada fala, entrevista ou pronunciamento feito por um postulante, o adversário rebate com representações na Justiça pedindo punição, muitas delas arquivadas simplesmente porque não houve caracterização de pedido de votos.

E, mesmo quando há reconhecimento de ilegalidade e aplicação de multa, o valor é irrisório diante do efeito incalculável da propaganda que já chegou aos eleitores.

A internet, campo ilimitado de expressão de ideias, também configura um novo problema a ser pensado por nossos legisladores.

Proliferam aos montes os sites e blogs criados com finalidade única para atacar candidatos ou fazer campanha disfarçada.

E o Twitter, microblog pessoal, faz os (pré) candidatos conversarem diretamente com eleitor, expondo planos e ideias, sem, é claro, o famigerado “vote em mim”.

Magistrados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já sinalizaram que é preciso modernizar a legislação, mas mudanças precisam ser feitas no Congresso Nacional, lugar onde muitos (pré) candidatos de hoje querem estar no ano que vem.

Portanto, é salutar que eles se manifestem também a respeito do tema.

Oficialmente, a propaganda eleitoral começa a partir de 6 de julho, mas, do jeito que está, ela já iniciou faz tempo e prossegue sob um fingimento total e dissimulado, diante dos olhos de todos.

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